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Thor – Mundo Sombrio

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A Marvel está de volta no seu segundo filme do ano. Enquanto Homem de Ferro 3 dividiu opiniões no primeiro semestre, Thor chega para tentar reconquistar os fãs da produtora após um primeiro filme mais parado e uma participação mais apagada em Os Vingadores. O estúdio tomou alguns cuidados para isso e mudou bastante o tom da continuação.

Thor e Loki precisam lidar com as consequências dos filmes anteriores. O deus do trovão trabalha para acabar com conflitos através dos nove reinos, todo iniciados devido às ações do irmão. Loki é aprisionado e precisa lidar com o julgamento da família adotiva. Enquanto isso, na Terra, Jane encontra fenômenos físicos estranhos em Londres. Procurando uma forma de reencontrar com o deus amado, acaba liberando uma arma antiga que desperta um povo que existia antes da criação do universo, os elfos negros.

O primeiro ato para valorizar o personagem no novo filme foi a contratação do diretor Alan Taylor. Escolhido por seu trabalho em alguns dos episódios mais bem dirigidos de Game of Thrones, Taylor tinha a tarefa de fazer com que Asgard fosse mais suja e realista e dar o tom de reino com problemas políticos.

É justamente o que Taylor faz. O filme começa praticamente idêntico ao original, com uma narração de Odin explicando o background mitológico para a compreensão da trama. Enquanto no primeiro a sequência tinha um monte de computação sem muita credibilidade, este parece um começo de Senhor dos Anéis. Com direito a asgardianos correndo feito um raio entre o exército inimigo e bastante ação grandiosa.

Já dá logo na abertura o acerto do diretor. Taylor ainda faz com que Asgard ganhe mais vida ao colocar um povo visível no reino, que mistura tecnologias futuristas com vida medieval. Não é só mais um monte de computação dourada e gigante. Para que tudo isso ganhe vida, é preciso mostrar as pessoas que vivem ali e como interagem com o ambiente.

Asgard ganha mais vida ao ter uma população local mais reconhecível.
Asgard ganha mais vida ao ter uma população local mais reconhecível.

O diretor sabe dar ao reino o comportamento de Vikings necessário. A população vive pelas batalhas e só conhecem escala maior em suas comemorações. Como é um filme de herói, não pode proibir crianças de assistir, mas ainda consegue passar a noção das orgias e bebedeiras que os seres de Asgard erguem ao redor de si.

Ainda cria cenas que fortalecem uma sensação de verossimilhança dos poderes de Thor. Uma cena em específico termina com ele correndo para uma bancada e pegando o martelo antes de sair voando. Deixa qualquer vôo do primeiro filme parecendo trabalho de amador.

O perigo se afasta do drama familiar quando os vilões da vez são tão antigos que aparecem como desconhecidos para todos os asgardianos milenares. Os elfos negros são tão perigosos que dividem os membros do reino e fazem com que Thor esteja disposto a fazer um grande sacrifício, abrir mão da ligação com a família. Tudo com cenas de ação muito bem elaboradas e grandiosas, que nunca deixam o espectador perder de foco a lógica do que está acontecendo. Mesmo em grandes momentos, como no primeiro ataque a Asgard. Sabemos onde estão os membros da família real, Thor, Loki, Odin, até mesmo o guardião do reino. Resultado de um diretor que sabe conduzir cenas complexas.

Tom Hiddleston rouba a cena mais uma vez com seu deus da enganação. Loki nunca esteve tão zombeteiro. Cada pequena ação do personagem é criada com um nível de brincadeira que denota um comportamento mais próximo da descrição do deus. E Hiddleston parece se divertir muito fazendo isso.

Hiddleston roubando a cena.
Hiddleston roubando a cena.

Loki abre o ritmo para a parte mais divertida do filme. A partir do momento em que aparece, existe um equilíbrio cuidadoso entre drama, ação e comédia. Em dado ponto, uma grande perda ocorre. Ninguém em todo o elenco passa o pesar como Hiddleston, e tudo com um pequeno momento de interpretação sutil. Mas quando é para acelerar cenas de preparação para coisas mais importantes, a língua afiada do personagem não pára quieta. Inclusive em momentos de ação, quando brinca com o perigo com o intuito de incomodar o irmão adotivo enquanto o mesmo garante a sobrevivência de todos os envolvidos.

O clímax do filme surge e o ritmo continua mesmo com o afastamento de Loki. Um final grandioso é realizado com uma luta entre o herói e o antagonista principal, o elfo Malekith. A batalha os faz atravessar os reinos a cada golpe, mais uma vez contando com a habilidade de Taylor de não perder o foco em cada detalhe pequeno e importante para a cena. Ao mesmo tempo costurando uma ou outra piada inserida em um momento inteligente. Uma com o deus nórdico pegando um metrô é de gargalhar alto.

Thor no metrô londrino. Hilário.
Thor no metrô londrino. Hilário.

Até chegar a essa parte, o filme é um pouco acelerado demais. Não constrói o ritmo aos poucos. É rápido desde o começo. Por mais que seja tudo muito bem feito, a construção acelerada incomoda bastante. Principalmente levando em conta que o filme precisa apresentar muita coisa, desde os elfos negros, passando pela situação de Jane e sua equipe até as lutas de Thor para deixar os nove reinos em situação pacífica. É muita coisa, muito rápido. Felizmente é tudo muito bem escrito e bem realizado.

Esse problema de ritmo é algo que ocorria também em Game of Thrones. Provavelmente é apenas uma pequena dificuldade para Taylor na transição de mídias.

O elenco ganha em alguns aspectos e perde em outros. Chris Hemsworth cresceu muito como ator desde o primeiro filme. Esse crescimento é aparente em cena, quando ele cria um Thor menos fanfarrão e mais sério e preocupado. A Natalie Portman está no piloto automático, nada surpreendente considerando que ela não queria fazer parte desta produção. O Anthony Hopkins parece cansado, sem metade da imposição que portava no filme anterior. Um acerto fica em dar destaque para a Rene Russo. Sua relação como mãe de Thor e Loki fica mais evidente e a excelente atriz está ótima como a mãe de dois deuses em constante guerra entre si.

Mas a Kat Dennings só faz passar vergonha. Ela supostamente é um alívio cômico para a Natalie Portman. Porém, cada piadinha e trejeito de sua personagem engraçadinha só faz irritar. O que é terrível considerando que Dennings não é uma má atriz. Piora ainda mais ao lembrar que ela não é importante para a trama de forma alguma. No primeiro filme ela era uma simples estagiária que não queria estar ali. Aqui ela só atrapalha. O seu péssimo humor fica em contraste com o humor maravilhoso de Hiddleston e ela apenas fica ruim em cena.

Parece que a Marvel acertou mais uma vez. Ainda é um filme focado em adolescentes e crianças, mas a ambientação ficou mais adulta e séria. O roteiro é bem escrito, a direção funciona muito bem e, com a exceção de pequenas coisas, tudo parece estar no lugar.

Para os marvetes, o filme possui duas cenas de crédito. Uma acrescenta ao universo sendo construído nos cinemas e a outra dá um pequeno ponto final à trama.

 

ALLONS-YYYYYYYYY…

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