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Rampage (Rampage: Destruição Total – 2018)

george gigante urra em topo de escada

O primatologista Davis Okoye (Dwayne “The Rock” Johnson) vive recluso dos seres humanos. Embora tenha que manter o contato com outras pessoas pura e simplesmente por conta do zoológico laboratorial que trabalha, Davis prefere manter suas relações interpessoais no campo do profissional e dar um peso emocional maior para seus relacionamentos com os animais, em especial com George, um gorila inteligente que sabe se comunicar com linguagem de sinais.

Um dia, ao entrar em contato com uma arma química proibida pelos EUA, George começa a crescer exponencialmente em tamanho, em força, em agilidade e em sua raiva. Além do gorila, um lobo e um crocodilo também sofreram essa mutação e, agora em tamanhos gigantes, podem ser um perigo para a sociedade.

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O longa é dirigido por Brad Peyton (Viagem 2 e Terremoto: A Falha de San Andreas), que parece confirmar seu favoritismo por The Rock como protagonista de suas obras. A inspiração para o filme vem do jogo homônimo lançado em 1986.

A presença de um protagonista carismático é quase que fundamental em filmes aventurescos deste estilo. A realidade e verossimilhança no enredo principal já serão negligenciadas em prol da proposta da obra, portanto, um personagem que consiga se inserir em tal trama e tornar a experiência saborosa para a maior aceitação do público é quase que uma peça chave do quebra-cabeça para o sucesso. Brendan Fraser em A Múmia é um exemplo disso.

Johnson possui essa presença em muitos de seus filmes, que costumam ser aventuras distantes da realidade. Embora não seja um ator versátil e tenha dificuldades com determinados tipos de emoções, o carisma e confiança dele sempre transmitem uma certa leveza para o espectador enquanto o enredo equilibra ação e aventura. Muitos trabalhos do ator funcionam assim, já esse não parece conseguir manter essa dinâmica.

Brad Peyton entrega um festival de piadas previsíveis, mas confesso que algumas conseguem levar o espectador a risada. O problema aqui está no excesso de momentos em que o diálogo soa tão forçado a ponto de remover o envolvimento do público pela trama naquele momento. Dois momentos exemplificam bem isso:

Ainda no início do filme, Davis possui uma conversa com George (em linguagem de sinais, mas, mesmo assim, o ator também repete com a fala o que ele está comunicando) em que ele explica o medo de um dos personagens ali em cena pelo gorila. A fala do ator consegue soar tão improvável, tola e infantilizada que o próprio animal (computação gráfica) parece estar mais à vontade em cena que Dwayne Johnson.

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Já em outro momento em que George sai do controle do laboratório e Davis tem que tentar contê-lo, talvez pela maior dinâmica da cena, o ator consegue colocar mais emoção em sua linha de diálogo. Consegue demonstrar um certo carinho pelo animal que nos soa crível. Diferente da cena citada anteriormente, em que a química que deveria estar presente, permanece ausente.

As cenas de ação possuem muitas tomadas aéreas e com planos bem abertos. O que facilita a condução daquele momento para o diretor, mas não tira seu mérito. A catástrofe visual não confunde os olhos do espectador, nem permite a ele se perder. Talvez pela escolha de Brad por colocar início, meio e conclusão das ações tomadas pelos personagens em apenas um ou dois takes.

Algo que soa pífio na trama é o objetivo da empresa vilã do filme. Sabemos que muitas vezes no gênero de aventura cartunizada, as motivações de certos antagonistas são menosprezadas e tornadas clichês, embora a ação e carisma de personagens consiga suprir tais erros no saldo final. Em Rampage o objetivo da vilã é tão estúpido que nem a melhor ação conseguiria fazer o espectador esquecer nem por um minuto.

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A estupidez fica exposta por conta do plano da vilã se demonstrar tão nocivo à ela quanto à sociedade. Oras, se você quer dominar o mundo, mas não tem mais mundo para dominar, qual sentido disso? Além do mais, a motivação para alcançar tal objetivo não é explorada, caindo no famoso clichê de “ter o poder de tudo”.

Podemos dizer que a interpretação da personagem Kate Caldwell (Naomie Harris) destoa positivamente do resto da equipe. Ela parece levar muito a sério tudo que está acontecendo a todo momento. E, para quebrar o excesso de seriedade num filme que não se propõe a tal, a química dela funciona perfeitamente com The Rock e as principais piadas que dão certo no filme ocorrem quando os dois estão em cena.

Rampage: Destruição Total possui uma ação que pode chamar atenção e transmitir bastante adrenalina, mas é atrapalhada por diálogos forçados e infantilizados demais que destoam do caos visual em tela. Se você não tiver se incomodado com nada negativo citado até a maior cena de ação do filme, talvez ele possa até agradar, mas um certo esforço terá de ser feito.

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