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The Titan (2018)

Homem em pé em Titã

A Netflix tem se revelado uma inovação de mão dupla. Entre a chance de salvar projetos que estavam sem futuro, como Death Note em 2017, a divulgação de filmes independentes como The Fundamentals of Caring e produções originais de realizadores em início de carreira, como The Titan, a plataforma parece esquecer que, apesar da qualidade ser de cinema, ela ainda é televisão.

O que faz com que a história de Rick e Abi Janssen (Sam Worthington e Taylor Schilling), enquanto ele passa por uma alteração de DNA para sobreviver ao ambiente de Titã, a lua de Saturno, seja um filme para TV. Mas com o padrão da Netflix, com direito a muita computação gráfica de qualidade, assim como atores de salários altos e uma ótima maquiagem.

Isso mistura essas qualidades do cinema com de TV, como prolixidade. Com isso, esse suspense sobre um homem que deixa gradualmente de ser humano passa rápido em enxutos 97 minutos. Uma vantagem comum a bons e divertidos suspenses. Porém, há defeitos como uma produção feita às pressas que deixa isso notável no resultado final.

personagens treinam em piscina gelada
Candidatos à experiência treinam em piscina extremamente gelada.

Aqui, há um planejamento do diretor Lennart Ruff para fazer com que a ambientação exale um clima de suspense. Planos fechados que acompanham os personagens conduzem os movimento da câmera para que o espectador veja o que ocorre nas cenas junto com os personagens. A música de Fil Eisler combina um sintetizador eletrônico com ritmo de batida de coração. Quanto maior a tensão, mais rápida a batida.

Isso funciona muito bem, especialmente na primeira metade, quando Abi, a verdadeira protagonista do filme, começa a perceber pelas veias que o sangue do marido está em processo de mudança de cor. Porém, quando as “revelações” acontecem para criar um misto de body horror com conspiração, não há surpresam porque todas as transformações foram avisadas para o casal no início do filme.

É apenas o primeiro passo do roteiro inconsistente de Max Hurwitz. O suspense não tem embasamento, assim com diversas das escolhas dos personagens. Em certo ponto, depois que pessoas morrem devido a certos contatos, todo mundo se une e decide juntos retomar esse contato, mesmo que seja desnecessário.

Sam Worthington em uma sala de cinema
Sam Worthington como Rick. Ator de filmes caros na TV.

Além disso, apesar de Ruff ser bom para ambientação, ele não é bom para cenas de ação. Ele mostra o que ocorre até que chegue o momento da violência, então, corta para resultados dessa mesma violência. O que funciona normalmente como efeito de suspense, mas retorna para as cenas depois da ação. Ao invés de criar curiosidade e conduzir a atenção do espectador, o diretor acidentalmente realça a falta de orçamento para fazer a cena.

O que leva ao péssimo terceiro ato, em que a trama do filme não parece levar a nada, assim como o diretor não filma o clímax bem. Todo o efeito do suspense se perde em um fim que não entrega o que foi prometido durante a história. Ainda é uma boa condução que distrai e não entedia, só que termina com um gosto amargo devido ao ponto final problemático. Em grande parte porque a direção e o roteiro parecem feitos com pressa.

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