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A Coisa

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Lá fui eu todo feliz para assistir à prequela de O Enigma de Outro Mundo. Lançada 29 anos depois do original, recebi recomendações positivas de pessoas que são fãs do outro filme. Então a expectativa era alta. Justamente por isso a decepção foi tão grande.

O outro filme começa com aquela perseguição estranha atrás do cachorro. Depois ainda deixa diversas pistas do que aconteceu anteriormente na estação norueguesa. Então a prequela volta para lá com a responsabilidade de resolver diversas coisas.

Primeiro, é preciso mostrar a descoberta da nave espacial e do corpo congelado na neve. Para a primeira o filme cria uma cena absurdamente exagerada com um caminhão de neve sendo sugado pelo gelo da maneira mais maluca possível. Para a segunda apresenta a personagem Kate Lloyd, que introduz a solução para remover o ser do gelo.

Depois precisa revelar como diabos o cachorro foge e os dois humanos saem em perseguição de helicóptero. Isso ocorre em uma cena bizarra pós créditos em que a posse do animal não faz sentido em meio a todos os eventos vistos antes.

Ainda tem direito a explicação do machado ensanguentado em uma parede, ao homem que cortou a própria garganta, ao corpo com duas cabeças encontrado e aparentemente todo o resto.

Apesar de terem dado solução para tudo isso, nada se encaixa de maneira natural. Quase tudo é forçado, com direito aos personagens esquecendo de outros e de coisas importantes. O que é um problema ainda maior considerando que o outro filme nunca permite esquecer qualquer personagem e sua localização.

Aqui vira festa. A protagonista fala que não podem se separar nem ficar em duplas. Logo em seguida dá orientações para que façam exatamente o contrário. Daí os caras se separam, se expõem uns aos outros das maneiras mais idiotas e constantemente eu ficava torcendo pro alienígena matar aquele monte de imbecis.

Patota de idiota. "Não podemos nos separar". Adivinha o que eles fazem.
Patota de idiotas. “Não podemos nos separar”. Adivinha o que eles fazem.

Mudando a produção de 1982 para uma de 2011, é claro que todos os efeitos especiais serão substituídos por computação gráfica. O que gera ainda mais problema. Todo pequeno efeito do original causa asco imediato, enquanto os seres digitais do novo aparentam plasticidade. Não incomodam de forma alguma.

Sem contar que suas habilidades são completamente deturpadas. Quando querem ser rápidos, simplesmente explodem em tripas computadorizadas e saem matando todo mundo de forma grotesca. Quando a protagonista precisa fugir de um específico, ele tropeça e esbarra em bancadas e estantes.

"Isso aqui não é nada. Eu tropecei no banheiro."
“Isso aqui não é nada. Eu tropecei no banheiro.”

É possível sentir a diferença de quando se entrega um conceito interessante de ficção e terror para um bom e para um mal diretor. Nas mãos de John Carpenter, temos um suspense intrigante com um monte de homens tentando sobreviver aos horrores daquela criatura. Na prequela, o terror se resume a um monte de sustos fáceis e takes que não dizem nada.

A loucura chega a um nível tal que a protagonista acredita ter acabado com os alienígenas sendo que deixou um monte de pontas soltas e vai embora. Isso porque ela sabe que teve esse e aquele cara que sobraram vivos. Acompanhada de uma reviravolta final que não diz nada.

A Mary Elizabeth Winstead é linda e fotografa muito bem em cenas de ação e perigo. Mas está inexpressiva aqui. Provavelmente mais por conta do roteiro sem sentido que por alguma incapacidade. O excelente Joel Edgerton  se esforça, mas a direção não abre espaço para que sua interpretação possa ser expressada. Termina apenas sendo um filme de terror atual ruim. Nada próximo da genialidade do clássico de Carpenter.

 

FANTASTIC…

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