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Um Conto do Destino

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Best-seller nos Estados Unidos, o livro Um Conto do Destino ganha sua adaptação para o cinema através de roteirista premiado. Vendo o elenco repleto de grandes nomes, o interesse aumenta ainda mais. O livro deve ser lançado por aqui em breve, então pouca coisa era sabida sobre a produção, a menos que você tenha lido em inglês.

A sinopse é complicada. Peter Lake vira peça fundamental em uma disputa entre seres do bem e do mal. Ele está destinado a realizar um milagre e os bichos do mal querem impedí-lo a qualquer custo. O milagre está relacionado a uma ruiva, por quem Peter se apaixona perdidamente, agora ele precisa correr para salvar tanto a sua vida quanto a dela.

Pareceu confuso? Imagine quando um filme começa com um personagem fugindo de outro tão visivelmente malvado que chega a ser piegas. Então surge um cavalo que salta de forma inacreditável. Daí, enquanto o mocinho se prepara pra fugir, temos mil e um personagens coadjuvantes que aparecem de lugar nenhum explicando regras aleatórias e fantásticas sobre aquele mundo.

Não é brincadeira. O filme acompanha um homem que passou a vida inteira em Nova Iorque criado pelo que parece ser um índio. Apesar disso tudo, ele fala com sotaque irlandês. O tal índio passou a vida inteira com ele, mas nunca contou sobre as crenças de sua cultura. A explicação que ele dá é completamente aleatória e sem sentido.

A mocinha sabe de parte das explicações relacionadas à mitologia, mas sem nenhuma lógica para que ela as conheça. Ela sabe por mágica, mesmo sendo uma nova-iorquina de classe alta comum. Pior é quando a solução para o problema do terceiro ato é apresentada por uma menina que tira a explicação de um conto de fada.

A palavra que eu uso para descrever filmes que se apresentam com uma bagunça desse nível é xablau. O filme não apresenta as coisas, as explicações são pela metade através de pessoas que não fazem ideia do que está acontecendo e todos os personagens aceitam tudo sem questionar.

Piora quando um personagem desenha uma ruiva de costas e fala, é essa a mulher que temos que encontrar. Então eles encontram a ruiva certa. Aparentemente só havia uma ruiva em toda a Nova Iorque de 1915. Depois o protagonista afirma só ter conhecido uma ruiva em toda a sua vida. O que faz sentido, porque se eu tivesse conhecido só uma ruiva em minha vida, também teria me apaixonado perdidamente por ela.

Roupas pretas, elegância e uma cicatriz na cara. Adivinha qual meu papel no filme.
“Roupas pretas, elegância e uma cicatriz na cara. Adivinha qual meu papel no filme.”

Então acontece a melhor coisa da produção. O vilão vai visitar seu chefe e um ator convidado faz sua participação especial. A cena é tão ruim que foi impossível não rir da confusão que acontecia à minha frente. Daí pra frente, toda a construção estava destruída. Não tinha mais como se interessar com o que acontecia na tela.

O negócio é que o roteirista, produtor e diretor da bagaça é o Akiva Goldsman. Um dos grandes roteiristas de Hollywood, vencedor de prêmios e extremamente bem conectado na indústria. Goldsman fez de Um Conto do Destino seu filme de estreia.

É inacreditável o quanto o filme é piegas em toda a ingenuidade que tenta criar. O vilão tem uma cicatriz na cara para mostrar o quanto é mal, pouco importa o quanto ele se vista bem. É o clichê do vilão champagne. Isso vai escalando e escalando até que aquele cavalo símbolo da Tristar Pictures aparece. Quando eu vi um cavalo voando em Nova Iorque foi quando o filme me perdeu.

Sim, esse bichinho está no filme.
Sim, esse bichinho está no filme.

Não importa ter o Colin Farrell e o Russell Crowe se esforçando e fazendo duas boas interpretações. Não importa o quanto a ruiva da vez é bonita. Não importa que a Jennifer Connely está ali engrandecendo mais uma produção.  Não importa ter o sempre ótimo William Hurt. Quando você se pega mais preocupado em limpar seu celular do que em continuar prestando atenção no que está acontecendo na tela, é porque o filme tem alguma coisa muito errada.

 

Gerônimo…

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