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Tim Maia

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No texto sobre o novo filme do Drácula eu comentei sobre um fato que não havia percebido que estava acontecendo no Brasil. Um tipo de filme faz sucesso e uma série de cópias surgem imitando à exaustão sem metade do cuidado do primeiro. Quem diria que a vida dos irmãos Zezé de Camargo e Luciano seria um sucesso? Porém, todo mundo sabia que os filmes do Renato Russo, do Paulo Coelho e do Tim Maia seriam sucessos.

O filme acompanha a vida de Tim Maia desde sua infância até a sua morte. Essa devia ser a sinopse oficial, porque o filme Tim Maia não tem história. Ele apenas representa os momentos mais importantes e famosos na vida do cantor e os conecta entre si. Não tem começo, meio e fim. É apenas um monte de episódios desconexos.
O que é uma pena, porque todo mundo sabe que o Tim Maia era um cretino de primeira. Hipócrita, batia em mulheres, bêbado, drogado, irritado sem razão. O motivo pelo qual chegou a ser o grande Tim Maia foi porque ele era um gênio musical. Essa persona garantiu inúmeras histórias interessantes acerca de quem ele foi. Tantas histórias interessantes que poderiam individualmente virar bons filmes são resumidas e aceleradas para que o filme tenha aproximadamente duas horas e vinte.
O filme corre pela infância dele o mais rápido o possível com uma narração vergonhosa feita, no universo do filme, pelo amigo de Maia, Fábio Stella. Na verdade, o filme é adaptação do livro sobre o compositor escrito por Fábio. Para passar rápido pelos trechos que não são importantes, o voice-over usa estilo literário que apenas deixa mais claro como aquele seguimento não tem importância. Ainda assim, é muito melhor que o filme do Paulo Coelho, uma vez que pelo menos cria conexão entre as cenas desnecessárias.

a62ab48d05169c01e8ea1ab4f19a7eb718e073eaFábio Stella interpretado por Cauã Reymond. Voice-over incômodo.

O diretor Mauro Lima também é muito eficiente como técnico. A fotografia é linda e muito bem realizada. Com a excelente direção de arte, ele reconstrói com verossimilhança o Rio de Janeiro. a Nova Iorque e a São Paulo de 1960 e 1970. O filme é tão bem realizado tecnicamente que chega a ser triste ver tanta qualidade desperdiçada na falta de roteiro e numa péssima montagem.
As músicas só ficam boas quando a carreira de Maia deslancha porque as músicas dele são excelentes, mas a trilha ocidental criada para o filme é péssima. Em diversas cenas ela deveria se encaixar com os toques que os personagens estão fazendo no filme em guitarras e outros instrumentos. Entretanto, os toques nunca estão de acordo com os movimentos vistos na tela. Nunca chega a ser amador, como no filme do Renato Russo, mas se aproxima.
Os atores que interpretam Maia estão muito bem. O Róbson Nunes dá conta do recado na parte em que ele era mais jovem, mas é Babu Santana quem carrega o filme nas costas como o Maia mais velho. Além de assumir a persona e a aparência de Maia, ele parece natural com o jeito do cantor. O Cauã Reymond está ótimo como Fábio. O grande destaque vai para a participação involuntariamente cômica da Mallu Magalhães interpretando uma jovem Nara Leão. Isso porque ela não tem uma fala.
Mais uma equivocada cinebiografia brasileira. Evolui em relação aos defeitos dos filmes já lançados no mesmo estilo. Seguindo um pensamento positivo, talvez a Cássia Eller ganhe um filme bom no futuro.
 
ALLONS-YYYYYYYYY…

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