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The Killer – O Matador

The-Killer
The Killer é um filme muito maluco. O roteiro é maluco, a direção é maluca, a continuidade é maluca, a ação é maluca, a fotografia é maluca, as interpretações são malucas. É muito maluco, e por isso mesmo é muito bom.

Um assassino de aluguel, durante um trabalho, cega uma mulher por acidente. Cheio de remorso, ele vai ajudá-la e os dois acabam se apaixonando. O problema é que por conta desse romance, seus contratantes querem matá-lo ao mesmo tempo em que um policial maluco descobre sua pista.
A história é isso aí. Poderia dizer mais e sair “spoileando”, mas a história é isso aí, não vai desenvolver muito mais do que isso porque a história não é importante. A ideia aqui é espelhar os dois protagonistas. O policial tresloucado e o assassino cheio de culpa. Os dois se odeiam e querem matar um ao outro, mas são almas gêmeas.
Sem sacanagem, os momentos entre os dois são homoerotismo puro. Tudo o mais é desculpa para os conflitos entre eles, a garota, as mortes, os tiroteios, os vilões. Chega uma hora em que o policial protege a garota a todo custo porque sabe que o assassino se importa com ela. É esse o nível.
Em termos de cinematografia o filme é, de novo, muito maluco. A fotografia fica criando contrastes entre azul, rosa, verde, amarelo, vermelho. Na direção de arte é neon pra todo lado nas cenas noturnas e aquelas imagens urbanas das cidades começando a crescer na década de 1980. Tem até um chinês usando mullet. O policial está sempre de terno e na primeira metade do filme usa um branco com riscas pretas. É década de 80 comendo solta.
A continuidade é controlada por uma criança de 3 anos, tenho certeza. O assassino espanca uns caras na rua, muda de ângulo e os caras sumiram. Numa perseguição duas lanchas estão no meio de um monte de barcos, de repente em mar aberto, depois entre duas praias opostas quase se tocando e mais rápido que uma bala em mar aberto de novo.
O roteiro não faz sentido, numa parte um personagem resolve atirar em outro, vinte minutos depois afirma que o outro é seu melhor amigo. Some isso com o melodrama chinês e os diálogos maravilhosos do John Woo e temos cenas no meio de um tiroteio com falas como “Isso é uma prova de amizade” ou “Eu já não sei mais se sou homem ou cachorro”.
As marcas tradicionais de John Woo estão lá, pássaros voando a torto e a direito, tiroteios que parecem apresentações de balé e muito slow-motion. Além de ótimas cenas de tensão com personagens apontando armas uns pros outros. A minha favorita é com os dois protagonistas se ameaçando e escondendo da garota cega que estão com armas no local.

O assassino e o policial. Homoerotismo velado.
O assassino e o policial. Homoerotismo velado.

Tenho que dar o braço a torcer. Há anos que não vejo cenas de ação como essas. São tiroteios insanos, que enchem os olhos dentro da maluquice plástica da direção de Woo.
Sem a eficiência técnica de Hollywood, Woo deixa de fazer um A Outra Face para fazer um filme muito doido, cheio de defeitos, mas ainda assim muito bom e divertido.
Como eu já disse, a ação é incrível e a proposta é interessante. O choque de valores entre o assassino e o policial é a intenção do bagulho. O final acompanha toda a maluquice mas ainda é muito significativo. Seria muito superior se houvesse mais perfeição técnica na produção. Fiquei com mais vontade de ver outras parcerias entre o diretor e o astro Chow Yun-Fat.
Mickey Mouse e Dumbo nunca mais serão os mesmos depois desse filme.
 
GERÔNIMOOOOOOO…

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