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Somos Tão Jovens

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Durante meus primeiros anos como ouvinte de rock, a banda que mais repetia era Legião Urbana. Foi um período de fascínio pelas letras do Renato Russo e suas músicas. Ainda hoje sou grande fã. É o motivo pelo qual assisti duas vezes a peça Renato Russo, com a performance poderosa do Bruce Gomlevski de toda a vida do homem. Agora que saiu um filme sobre a origem da banda, a expectativa era alta.

Somos Tão Jovens acompanha a trajetória de Renato Russo desde seus primeiros contatos com o rock até o primeiro grande show do Legião Urbana, no Circo Voador do Rio de Janeiro. Qual a história? Nenhuma.
A parte do Renato se recuperando de uma queda é um capítulo rápido, a parte do início do Aborto Elétrico é outro capítulo rápido com a participação do sul-africano Petrus, daí é outro capítulo e mais outro até que o filme termina. As histórias que são contínuas do começo ao fim são apenas duas. Uma que acompanha a amizade do compositor com Ana Claudia e a outra que mostra o desenvolvimento de uma humildade do personagem.
É um filme episódico cheio de histórias menores que nada acrescentam. Renato é um grande babaca com um ego imenso até passar por algumas fases complicadas, onde começa a perceber seus erros e tenta se reinventar. Ana Claudia é parte importante dessa fase complicada. Tirando isso não tem história.

Laila Zaid e Thiago Mendonça formam o único conflito do filme.
Laila Zaid e Thiago Mendonça formam o único conflito do filme.

Existem falas ridículas nas quais os personagens soltam trechos das músicas de Renato muito antes de elas serem compostas. Em um ponto Mendonça solta “Essa solidão é de um tédio com um T bem grande”. Gratuito assim.
O roteiro é um amontoado de fatos sobre a vida do objeto da biografia. Os atores são muito bons e se esforçam muito. Thiago Mendonça recria os trejeitos com cuidado e esforço. Laila Zaid (ruiva) está espetacular como a amiga Ana Claudia. O outro grande nome do elenco é o Bruno Torres (que é a cara do Paul Rudd) como o baterista Fê Lemos, que viria a fazer parte do Capital Inicial.
Pelo menos tem uma ruiva no filme.
Pelo menos tem uma ruiva no filme.

Mas por mais que os atores se esforcem e façam um bom trabalho, sempre que soltam suas falas caem no ridículo. Parece que a direção de atores foi apenas para ler as falas tal qual elas estão escritas no roteiro, com pronúncia correta. Não importa se os personagens estão drogados ou bêbados, eles falarão corretamente e enunciando cada letra.
Se os principais não conseguem sustentar nessa situação, imagina os coadjuvantes e os figurantes que são ainda mais mal dirigidos. Os atores que interpretam os pais de Renato são vergonhosos. Dói de ver as cenas deles. As falas soam como na cena abaixo.
[youtube=https://www.youtube.com/watch?v=tYPltAPYvVg]
O diretor Antônio Carlos da Fontoura erra ao tentar colocar câmeras na mão o tempo inteiro, deixando as cenas irregulares. Mas acerta com a edição. A princípio os cortes parecem mal feitos, mas com o tempo se revelam necessários porque dão um ritmo acelerado e até divertido para as construções de cena. Por mais que elas sejam ruins.
A fotografia é bonita, usando luzes quase sobrenaturais vindas de baixo dos atores. Cria um tom quase sépia que se adequa muito bem à maravilhosa direção de arte. Uma amostra bem adequada da Brasília daquele período.
Acho um acerto não ficar explorando a vida sexual de Renato e não ser melodramático com sua morte. Existem muitos bons momentos que são completamente destruídos pelos diálogos terríveis, pela péssima construção de cena e pela enunciação dos atores. Parecem mais comédia que drama.
A história de Renato cria interesse, apesar de todos os defeitos. Poderia ser algo estupendo, foi apenas triste. Torço agora por uma biografia da Cássia Eller. E dessa vez na forma de um bom filme.
 
GERÔNIMOOOOOO…

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