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Pets: A Vida Secreta dos Bichos (The Secret Life of Pets – 2016)

 

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Desde o anúncio de Pets: A Vida Secreta dos Bichos, houve uma expectativa em razão da produtora do filme, A Illumination Entertainment. O estúdio ficou famoso pela franquia Meu Malvado Favorito. Pessoas já queriam mais do estilo que equilibra fofura e humor em cima de quebra de paradigmas e de estereótipos.

Ao invés de focar em vilões, desta vez a trama é sobre um universo supostamente secreto dos animais domésticos quando estão afastados dos donos. O cachorro Max (Louis C. K.) é ama a humana que cuida dele e se vê incomodado quando descobre que ela resgatou outro cão da rua, o grande e peludo Duke (Eric Stonestreet). Numa briga, os dois se perdem de casa e irritam uma gangue de bichos que vivem no esgoto. Em paralelo, os amigos de Max, liderados pela poodle Gidget (Jenny Slate), partem em busca deles pela cidade.

Não é difícil perceber quais os filmes que a Illumination está imitando. O ser querido encontra concorrência no recém-chegado. Quando brigam, se perdem da dona e aprendem a conviver como amigos pelo valor do amor do cuidador (Toy Story). Grupo de amigos sai da zona de conforto para ir resgatá-los e precisam atravessar o mundo urbano para o qual não foram feitos (Toy Story 2). Tudo calcado no humor de gags visuais e sacadas com o universo da história.

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Max, Duke e Katie. Versões da Illumination de Woody, Buzz e Andy.

Imitação por si só não é um problema, mas é preciso ter em conta que a comparação se torna necessária. Se o filme copia descaradamente as tramas de duas das melhores animações do melhor estúdio no ramo, ele deveria estar no mesmo nível de qualidade. Mas Pets tem o mesmo defeito que incomoda em Meu Malvado Favorito. O roteiro preguiçoso não se dá ao trabalho de contar a história.

Para apresentar o contexto de Max com a dona, Katie (Ellie Kemper), uma narração em off acompanha a vida dos dois. Em poucos minutos, descobre-se um bocado sobre a vida dos dois que não é importante. O primeiro ato apresenta a rotina dos personagens, e eles também por consequência, para que a ameaça Duke entre em cena. Os dois não se dão bem e se perdem num piscar de olhos. Tudo o que acontece em seguida é um aglomerado de cenas cômicas que não têm muita conexão e nem avançam a trama. As pontas são amarradas de forma ilógica no final e pronto, o filme acaba com história apenas para quinze minutos.

O humor em si funciona muito bem, mas desgasta rápido. Principalmente quando os personagens não possuem profundidade. Os poucos que se salvam são Max, Duke e Gidget. O resto do grupo, que conta com três cachorros, um gato, um periquito, um porquinho-da-índia e um gavião, está lá para uma ou outra piada pontuais. Nenhum é interessante, acrescenta ou faz com que o filme avance.

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Bola de Neve. Pior coisa de um filme ruim. Efeito do comediante Kevin Hart.

O pior de todos é o vilão, o coelho Bola de Neve, que espelha perfeitamente o humor do comediante Kevin Hart. O humorista é como os piores do Brasil, que acham que a piada é mais engraçada porque foi gritada histericamente. Faz com que o personagem seja tão chato e incômodo quanto ele mesmo é.

Por outro lado, a qualidade técnica é impecável. Objetos, seres vivos, líquidos e tecidos parecem existir. Não fossem cartunescos, pareceriam reais. A caracterização dos animais também impressiona. Os animadores enriquecem os sentimentos dos personagens com pequenas nuances de comportamento dos bichos. Seja movimentos de orelhas e rabos discretos, seja com um gato no fundo de uma cena que não consegue não brincar com uma bola pequena.

O resultado é semelhante aos dois Meu Malvado Favorito. Trama mal escrita, personagens sem profundidade, relações sem contextos. O humor funciona pontualmente, mas cansa. A sensação é que se trata de uma comédia vazia tanto de humor quanto de história.

P.S.: O 3D é uma das melhores coisas do filme, o que normalmente não é uma boa referência para uma produção.

2 comentários em “Pets: A Vida Secreta dos Bichos (The Secret Life of Pets – 2016)

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