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Os Estagiários

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Oito anos depois do sucesso estrondoso de Penetras Bons de Bico, Vince Vaughn e Owen Wilson voltam a se unir para fazer mais uma comédia. Se antes a ideia era ser um filme adulto com homens aprendendo uma lição de amadurecimento, aqui a composição muda bastante. Roteiristas e diretor mudam. O suficiente para mudar o filme inteiro.

Vince Vaughn criou um premissa bastante interessante. Dois homens próximos dos quarenta anos ficam desempregados e resolvem tentar passar pelo programa de estagiários do Google. Trama simples e promissora. O roteiro tem a liberdade de aproveitar situações relacionando pessoas antiquadas com uma geração hiper acelerada e com conhecimentos diferentes.

A proposta deste filme não é ser uma grande obra. A fotografia existe apenas para não deixar as coisas escuras. Os enquadramentos apenas acompanham as estripulias dos dois protagonistas. A ideia é ser uma comédia com roteiro redondinho para aqueles que gostam do estilo do Vince Vaughn e do Owen Wilson.

O que não quer dizer que o filme é necessariamente ruim. Ele tem um bom gasto de produção. A linguagem ainda é de cinema, mesmo que não seja grande coisa. É o suficiente para não incomodar. A parte técnica nunca é destaque, mas também não é ruim. Assim como a capacidade do diretor, Shawn Levy.

O roteiro é bem estruturado. Apresenta os personagens e o conflito. Então começa a jornada dos dois, cheia de altos e baixos, até que chegam às escolhas finais transformados pelas experiências do filme. Estrutura simples e básica que sofre um pouco aqui.

Os dois protagonistas não passam por uma transformação de verdade. Na realidade, aqueles que se transformam são os membros da equipe de possíveis estagiários na qual eles se envolvem no programa.

São quatro garotos inteligentes e dispostos que sofrem com timidez e falta de tato social. O filme apresenta aquele mundo maluco onde todas as características dos personagens são exageradas ao extremo em favor da comédia. Os dois personagens principais são extrovertidos demais, os geeks que ajudam são estereotipados demais, o vilão é mal demais. Quando serve ao humor funciona, quando se leva a sério fica estranho.

Os dois protagonistas mudando a vida dos colegas mais jovens.
Os dois protagonistas mudando a vida dos colegas mais jovens.

Um dos garotos do grupo tem a mania de se punir arrancando fios da sobrancelha. Quando ele começa a se repetir nesse castigo causa risos. Mas quando o vilão começa a demonstrar várias vezes que não tem um pingo de bondade ele deixa de ser crível. É o tipo de problema que Penetras Bons de Bico não tinha.

Quando o filme foca nos protagonistas ele começa a tender para o incorreto e fica mais interessante. Quando foca na jornada de transformar os garotos vira uma comédia correta demais. Perde o estilo para passar a lição de moral do dia. Até a comédia diminui o tom nessas partes.

O Google ganha um de seus maiores merchandisings. Tudo é lindo na empresa, sua eficiência, seus trabalhadores, seu ambiente. Parece um paraíso feito para ajudar o mundo. Não estou dizendo que o Google não é assim, mas fica óbvio que o filme tinha essa obrigação comercial.

Existem referências de todos os tipos. Principalmente aos filmes da década de 1980, de onde as lições de moral são tiradas. Mas existem referências a coisas para a nova geração. De vez em quando pipocam aqui e ali pessoas importantes, como os próprios criadores do Google.

Sem contar que o trabalho de pesquisa para o roteiro impressiona. Existem até relatos de pessoas que já foram estagiários da empresa que testemunham o quanto a retratação do processo é apurada. O que causa ainda mais surpresa diante de uma estranha cena de quadribol. Sim, aquele esporte do Harry Potter.

A equipe principal preparada para jogar quadribol.
A equipe principal preparada para jogar quadribol.

Aparentemente uma das partes do programa real de estagiário da empresa é jogar quadribol contra seus concorrentes. Gera um dos momentos mais divertidos do filme. Principalmente quando o pomo de ouro aparece. A reação do Owen Wilson é hilária.

Vince Vaughn parece estar velho demais para tentar interpretar um cara tão extrovertido e divertido. Toda a presença dele soa falsa. O Owen Wilson está ótimo brincando de perdido naquele mundo. Sem contar que é maravilhoso ver o ator tão bem depois da tentativa de suicídio. É triste ver uma atriz excelente como a Rose Byrne em um papel tão estereotipado como a mocinha linda e divertida a ser conquistada. Principalmente com uma trama paralela tão besta quanto o romance dela com o personagem de Wilson.

Você já viu este filme várias vezes antes. Toda a originalidade fica na ideia do conflito de gerações dentro do Google. Mas é onde a criatividade termina, na ideia. No conteúdo o filme é mais uma comédia cheia de lições de moral politicamente correta. Se você gosta do estilo, não perca. Com certeza é melhor que muita coisa passando no cinema.

 

GERÔNIMOOOOOOOOO…

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