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O Ataque dos Vermes Malditos

wallhead
Nos idos de 1996/1997 eu era um menino descobrindo junto com meu pai as vantagens da TV à cabo. Explorando os canais descobrimos uma pérola chamada O Ataque dos Vermes Malditos 2. Então fomos à locadora procurando pelo primeiro e ficamos surpresos com a presença do Kevin Bacon na produção. O filme de 1990 não foi um grande sucesso, mas virou um clássico cult no home video e na internet. Felizmente, ele está presente na Netflix atualmente.

Valentine (Bacon) e Earl (Ward) são dois faz-tudo numa cidade minúscula de Nevada chamada Perfection. Eles estão juntando dinheiro para poder sair do local e justamente no dia em que estão prontos para ir, pessoas começam a aparecer mortas de formas misteriosas. Os dois se reúnem na cidade com os habitantes locais para sobreviverem a quatros monstros que vivem abaixo da terra.
O Ataque dos Vermes Malditos é um terrir. Ele zomba constantemente dos personagens white trash ao revelar como são ignorantes e simplórios. Tem um fascinado com armas e paranoico a ponto de ter criado um abrigo nuclear, um vendedor que tenta se aproveitar de qualquer oportunidade pra tirar dinheiro, um moleque idiota que não tem noção do perigo e, é claro, os dois protagonistas cujos diálogos sérios são focados em como lidar com os bichos e os diálogos cômicos são acerca de suas vidas pessoais.

urlFred Ward e Kevin Bacon. White trash tenta sobreviver.

O filme tem três grandes trunfos. O roteiro é bem estruturado e cria um ótimo ritmo, a direção brinca bem com os efeitos limitados de 1990 e o elenco está ciente da zombaria da qual fazem parte. O primeiro ato trabalha com a construção dos ataques por trás dos bichos sem revelá-los até que os dois heróis os confrontam pela primeira vez. Então se tem a noção de como são e como atacam. Começa a partir daí a correria para sobreviver e escapar de Perfection. O ritmo vai acelerando à medida em que os planos e ações dos sobreviventes evoluem e falham em um jogo de gato e rato com os Graboids, como ficaram conhecidas as criaturas na cultura popular.
A direção cria câmeras subjetivas para animais que não tem olhos. Usa de erros de continuidades como reviravolta importante para o clímax. Parece cheia de erros, mas na verdade tem grandes sacadas como o uso de sobreposição de planos na sequência em que os sobreviventes se isolam dos bichos em cima dos telhados das casas.
O design dos graboids é muito interessante e a realização deles em cena é muito elaborada. Principalmente contando com o que havia disponível na época. É preciso levar em conta que o filme tem 24 anos e o primeiro personagem criado em computação gráfica na história do cinema foi feito dois anos depois. A ideia por trás dos bichos é muito original. Como eles tem controle de movimento no solo, eles funcionam quase como o tubarão do Steven Spielberg. O suspense surge do fato de que não se pode vê-los abaixo do chão nem se tem noção de onde eles aparecerão.

tremors-2-rumor-mill-is-a-tremors-reboot-on-the-wayDá cá uma beijoca.

Kevin Bacon exibe um mullet que deixaria Chitãozinho e Chororó com inveja. Ele está tresloucado no filme para representar esse red neck cheio de trejeitos. A brincadeira já até rendeu uns três memes só neste filme. O Fred Ward segue o estilo de Bacon, parecendo um dos três patetas de tão maluco. Além dos dois, tem a menina do Jurassic Park quatro anos antes. Aqui ela não tem uma fala, mas é engraçado ver que ela não correu apenas de dinossauros no cinema. Ainda tem a tal da Reba McEntire, a cantora country que ganhou a própria série de TV anos atrás, mas sua participação é ínfima e praticamente não conta.
No final das contas, O Ataque dos Vermes Malditos é um filme divertidão. Tem ritmo bacana de aventura, zomba dos americanos do sul do país e seus efeitos envelheceram mal. O que lhe dá um gostinho de filme b maravilhoso. Faltou nudez, faíscas e, se possível, um Baldwin, mas o filme era uma produção mais comercial, então essas falhas são compreensíveis.
 
GERÔNIMOOOOOOOO…

1 comentário em “O Ataque dos Vermes Malditos

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