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No Mundo da Lua (Atrapa la Bandera – 2015)

astronautas observam a terra

Sempre que se pensa em animação, o raciocínio vai rápido para Disney, Pixar, Dreamworks e Blue Sky. Os grandes nomes em termos de realizações na área normalmente dominam os cinemas comerciais. Fora deles, raridades, como obras do estilo do Japão ou da França tendem a surpreender. De resto, a maioria são produtos baratos sem qualidade. A dúvida é em qual categoria os filmes do diretor espanhol Enrique Gato, se encaixam.

Depois do sucesso de As Aventuras de Tadeo, uma releitura “latina” do estilo que ficou popular com Indiana Jones, a nova realização tenta encontrar o público americano ao tratar da NASA. O foco fica em Mike, filho do homem mais provável de ir para o espaço. A família sofre com o histórico do avô, que não pôde participar da missão Apollo 11 e Mike tem certeza que é a razão para uma briga entre os progenitores paternos. Quando um milionário trambiqueiro sugere que a ida à Lua foi uma farsa para ir até o satélite, Mike vê em uma nova missão tripulada por parte da NASA como a chance para restaurar a paz na família.

É uma aventura infanto-juvenil com temas familiares e um interesse óbvio em propor uma curiosidade válida para as crianças, o público-alvo. Repleto de detalhes acerca da história da exploração espacial, como o que aconteceu ao foguete Saturn V ou características acerca das missões que chegaram à Lua, o filme demonstra uma adoração relevante a conceitos científicos que deveriam ser mais considerados. Principalmente para os menores.

trio principal na praia
O trio protagonista. Antipáticos.

Ao mesmo tempo em que isso é muito interessante, não é suficiente para uma produção com roteiro tão mambembe. A cena de abertura acompanha um torneio no qual os protagonistas fazem parte. Como os concorrentes deles são um grupo de pessoas bonitas e maldosas, o trio de heróis supostamente deveria se tornar simpático para o espectador. Mas a situação é tão forçada e sem profundidade que não funciona. E também, tanto Mike quanto Amy, amiga e colega, são tão bons quanto os “inimigos”. É o terceiro do grupo, Marty, coadjuvante cômico, quem arruína a equipe. Por ser a causa para as derrotas, ele não faz e aumenta a sensação incômoda.

A profundidade nas relações e nos personagens segue este mesmo problema. O avô, Frank, quase não tem falas e sem tempo de tela, não desperta empatia, mas o roteiro o coloca na aventura principal como um conflito para o garoto. O espectador, infelizmente, não se importa com as relações familiares. Os vilões são estereótipos caricatos. O antagonista Richard Carson berra com sotaque texano, é rico e não tem boas razões para nada do que faz. Ele é apenas mau feito o pica-pau.

família do protagonista
Família de Mike. Conflitos mal desenvolvidos.

Diante dessa pobreza narrativa, nem a boa direção de Gato salva. O espanhol acerta com as cenas e enquadramentos. O espectador nunca fica perdido na ação acelerada e o ritmo é bom. O problema é que ele não parece se importar nos detalhes de animação. Principalmente em filmes do estilo em computação gráfica, é um pecado perceber que diversas características das cenas estão estáticas porque todo o foco em dar movimento foi para aquela parte específica do enquadramento. Todo o universo perde vida.

A pobreza em roteiro e animação remetem diretamente àquelas cópias toscas em desenho que tentavam aproveitar o sucesso de filmes da Disney na década de 1990 em VHS. Se não fosse o bastante, o fato de ser um filme espanhol com adoração constante à bandeira americana como referência a um mundo unido causa um desconforto a mais.

 

GERÔNIMOOOOOOOOO…

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