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Indústria homofóbica?

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Lembra do Steven Soderberh? Um dos caras mais importantes da história recente do cinema que se aposentou da carreira de diretor de cinema. Ele queria fazer um filme chamado Behind the Candelabra, sobre o Liberace e seu amante. Sabia que seria difícil vender a produção para um estúdio e conseguiu adiantado o envolvimento do Michael Douglas e do Matt Damon. Ainda assim, nenhum estúdio aceitou bancar.

A solução? Soderberg foi atrás da produtora que tem se mostrado mais corajosa recentemente, a HBO. O canal de TV pagou e distribuiu o filme. Nos Estados Unidos ele estreia na TV mesmo, na Europa ele ganhou lançamento nos cinemas e em Cannes.
A recepção foi extremamente positiva e a crítica falou bem. O filme tem chamado atenção para o método de distribuição porque é um filme feito para TV que também funciona muito bem no cinema e ganhou lançamento praticamente simultâneo nos dois.
Lembrou um outro filme lançado a algum tempo. Já ouviu falar em O Golpista do Ano? Nele um homem descobre ser gay e vira um grande golpista para conseguir sustentar o novo estilo de vida e tirar seu novo amor da prisão. O elenco? Jim Carrey, Ewan McGregor e Rodrigo Santoro.

McGregor, Carrey e Santoro. Os três andaram juntos em baladas LGBT para estudar os papéis.
McGregor, Carrey e Santoro. Os três andaram juntos em baladas LGBT para estudar os papéis.

Mesmo com o elenco, o filme independente precisou de edição cortando diversas cenas para que uma distribuidora menor aceitasse lançá-lo. O Golpista do Ano também foi baseado em uma história real.
O que vale a pena falar aqui? É a demonstração de preconceito da indústria. Depois de ter ficado chocado com a história, encontrei este artigo falando sobre a representação de pessoas gays no cinema. Ele demonstra bem claramente um fato bem específico, personagens gays sempre sofrem muito e morrem, seja em Milk, Filadélfia, As Horas, Direito de Amar, O Segredo de Brokeback Mountain, Cisne Negro.
Infelizmente ele também fala o final de Behind the Candelabra, mas constrói um bom argumento. Se Hollywood não impede os filmes sobre pessoas gays de existirem,  ela precisa matá-los.
Pensando sobre o assunto, eu lembrei de Uma Noite de Amor e Música, adaptação do livro Nick & Norah Infinite Playlist para o cinema. O personagem principal, no livro e no filme, toca em uma banda em que todos os integrantes são gays, com exceção dele. Os gays são coadjuvantes e quase não aparecem.
O filme é fraquinho, mas chamou a atenção por um detalhe, se não víssemos eles se beijando ou assumindo que são gays seria impossível dizer suas orientações sexuais. Já reparou que quando Hollywood coloca coadjuvantes gays, eles normalmente são uns estereótipos bizarros e afetados? Mas não aqui.
Na imagem, mais da metade dos personagens são gays. Adivinha quais.
Na imagem acima mais da metade dos personagens são gays. Adivinha quais.

Outro filme que teve algo parecido foi Scott Pilgrim Contra o Mundo. Nele, o protagonista divide o apartamento com seu amigo gay, mas como ele não tem cama própria, eles tem que dormir juntos. Não tem preconceito, ninguém questiona, tudo é tratado com naturalidade. Por sinal, o personagem gay, Wallace Wells rouba o filme sem ser um pavão espevitado.
sp-wallaceTanto no gibi que serviu de origem quanto no filme, ele é inteligente, sarcástico e simpático. É um personagem rico e interessante, mesmo não sendo o protagonista. Ganha muito com a interpretação do Kieran Culkin, irmão do Macauley. O ator o faz com leveza e extroversão. Dando a ele a naturalidade e o bom humor que merece.
Nick & Norah e Scott Pilgrim são duas produções com elenco jovem, voltadas para público jovem e feitas por pessoas jovens. Talvez seja um sinal de um futuro mais respeitoso e aberto com pessoas que são normais, como eu e você.
 
ALLONS-YYYYYYYYYY…

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