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Heróis da Galáxia: Ratchet e Clank (Ratchet & Clank – 2016)

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Aproximadamente 30 anos atrás, uma empresa chamada Nintendo criou um personagem bigodudo que definiria videogames por muitos anos. Entre as tentativas de concorrência, surgiu um tal de Crash, um peramelemorphia (sem sacanagem, esse é o nome do bicho). Entre os erros e acertos da Sony na décima arte, os novos mascotes da vez são a dupla formada por um fofo, peludinho e adolescente alienígena e um robô de boa índole.

Simpáticos, com uma franquia de sucesso adorada pela qualidade técnica e por ser legitimamente engraçada, Ratchet e Clank são os primeiros personagens da marca Playstation a ganhar os cinemas. A história do lombax (o laranja peludo) que é o último da espécie dele e nunca acerta na pequena oficina num canto distante do espaço tem muito do que a dita jornada do herói descreve. Ele conhece o robô produzido acidentalmente na fábrica do vilão Drek e vê na máquina a chance de se tornar maior.

Se no videogame é fofo e divertido, há um potencial forte para que um filme animado tenha apelo com as crianças. O humor somado à ação colorida com naves espaciais e armas inventivas é o estilo que faz os menores rirem soltos no cinema. O problema é que apesar de poder atingir o público alvo, não significa que o filme é realmente bom. Principalmente se o público alvo ainda desenvolve o senso comum.

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A dupla se une aos guardiões da justiça.

E esse é o verdadeiro problema de Ratchet e Clank: ele foi tão fortemente focado nas crianças que perde todo o atrativo justamente para aqueles que têm mais influências nos pequeninos. Nenhum pai ou mãe vai se divertir com o excesso de piadas que passam em velocidade absurda pela tela. São tantas gags fora de lugar com tanta frequência que o ritmo do filme é arruinado. As cenas começam com piadas, os diálogos se desenvolvem com piadas e a ação é cheia de humor. Logo na abertura, o vilão destrói um planeta nos moldes de Star Wars em meio a pelo menos umas trinta piadas em menos de cinco minutos. Assim, com tão pouco tempo, o filme já se torna chato.

Não ajuda o fato de que Ratchet, que supostamente é o verdadeiro protagonista do filme, não é simpático. Desde o começo ele está mais interessado em se tornar um herói famoso do que em conseguir derrotar um inimigo que claramente quer matar milhões de pessoas. Enquanto isso, o descaso tanto dos coadjuvantes quanto do herói por Clank, que vê as ações certas e é impedido de realizá-las apenas por ser vulnerável, o faz ser o personagem mais identificável da trama. Os dois não parecem ter amizade e próximo ao término o filme tenta passar a ideia de que eles são uma dupla. Não há tempo de tela ou desenvolvimento o suficiente para que isso seja comprado pelo espectador.

a dupla com o capitão quark
Os dois juntos ao burro estúpido capitão Qwark.

Entre o ritmo ruim, piadas sem graça e personagens que nunca despertam empatia, as únicas coisas que se salvam em Ratchet e Clank são os incríveis visuais que ganham muito das direções de arte dos jogos e das imagens que o espaço sideral disponibiliza. Além disso, três piadas inspiradíssimas com as franquias da Sony nos videogames e com um certo efeito sonoro que ficou famoso são ótimas.

É uma tristeza em especial porque os heróis na mídia original são interessantes e divertidos nela. Quando o espectador olha para o relógio diversas vezes em um filme de uma hora e meia, é porque o resultado é nada menos que entediante. A tristeza é ainda maior quando se leva em conta que outras franquias do estilo, como Sly Cooper também vão para o cinema.

 

ALLONS-YYYYYY…

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