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Estrelas Além do Tempo (Hidden Figures, 2016)

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Para colocar o primeiro astronauta estadunidense no espaço, é preciso passar por cima de uma cultura preconceituosa e discriminatória, para que todos se unam em prol da missão.

Durante a disputa espacial conta a União Soviética, na época da Guerra Fria, a NASA contou com a colaboração fundamental de um grupo de mulheres negras. Atuantes no cargo conhecido como “computador humano”, elas foram responsáveis pelo fornecimento de dados matemáticos essenciais para uma das maiores conquistas da história.

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West Area Computers, grupo segregativo da NASA formado apenas por mulheres negras.

As atrizes Taraji P. Henson (O Curioso Caso de Benjamin Button), Octavia Spencer (Histórias Cruzadas), Janelle Monáe (Moonlight) – conhecida, principalmente, pelo trabalho como cantora – e Kirsten Dunst (Homem-Aranha) fazem parte do time de mulheres. Mas não para por aí: Kevin Costner (Dança com Lobos), Jim Parsons (The Big Bang Theory), Aldis Hodge (Straight Outta Compton) e Mahershala Ala (House of Cards) acrescentam ainda mais à equipe. Como diretor e coautor do roteiro – baseado no livro Hidden Figures, de Margot Lee Shetterly – está Theodore Melfi (Um Santo Vizinho).

Por se tratar de um filme baseado em história real, a tendência de envolvimento costuma ser maior. Em Estrelas Além do Tempo, o público ainda acompanha a representação de uma realidade racista e machista dentro de uma das instituições mais importantes do mundo. A indignação toma conta do espectador, que pega para si as dores das personagens principais. Muita opressão e injustiça são acompanhadas, antes de conquistas – como um banheiro que não segregue os negros – serem alcançadas. Destaque para a emblemática frase, proferida pelo personagem de Kevin Costner: “Aqui, na NASA, todos nós urinamos da mesma cor”.

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Conexão incrível entre as personagens (respectivamente Mary, Katherine e Dorothy).

O elenco do filme é fenomenal. As três atrizes principais – mulheres lindas, elegantes e de enorme competência – estão incríveis nos papéis e entregam uma química forte em cena. Os coadjuvantes não ficam muito para trás. Kevin Costner realiza uma ótima atuação no papel de Harrison, responsável pela missão espacial. Já Jim Parsons causa raiva e desprezo como o engenheiro Paul Stafford.

A montagem acertou ao apresentar vídeos reais relacionados à missão. O figurino de Renee Ehrlich Kalfus (Chocolate) é belo e convence. A trilha sonora de Hans Zimmer (Rei Leão), Pharrell Williams (O Espetacular Homem-Aranha 2) – que também produz o longa-metragem – e Benjamin Wallfisch (Quando as Luzes se Apagam) é deliciosa.

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Katherine é única negra no departamento e a única capaz de fazer os cálculos necessários.

Estrelas Além do Tempo é um presente para 2017, após um ano marcado por produções medíocres – salvo excelentes exceções. O acerto nos mais diversos aspectos resulta em um ótimo conjunto final, que trata com sensibilidade uma emocionante história. Talvez um ponto (nem tão) negativo, no viés informativo, seja terem dado um quê de glamour a situações mais complexas. Porém, licença dramática é bem-vinda para utilização.

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