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Bloodshot (2020)

De vez em quando um filme de super-heróis quebra algum tipo de barreira. Alguns anos atrás, Deadpool e Logan demonstraram que eles poderiam fazer sucesso apenas com públicos adultos. Na entoada que seguiu, um dos projetos surpresas foi este Bloodshot. Adaptação de HQ em que o personagem usa de muita violência e mutilações para lidar com os obstáculos.

Ele também é Ray Garrison (Vin Diesel), um soldado americano que é sequestrado junto com a esposa e ambos são mortos. Até que ele acorda em uma empresa liderada pelo doutor Emil Harting (Guy Pearce), que criou uma tecnologia que dá poder de regeneração ao guerreiro. Agora ele faz parte de um grupo de elite de veteranos recuperados com tecnologia e, aos poucos, se lembra do homem de quem quer se vingar.

Genérico é pouco para descrever essa sinopse, mas os roteiristas Jeff Wadlow e Eric Heisserer são mais espertos que isso, e constroem reviravoltas em cima de reviravoltas para que o filme não se prenda aos padrões de ação. Mas o fazem para que o filme seja de ação genérica um pouco mais complexo. E o diretor Dave Wilson sabe disso e o faz com eficiência.

Fotografia das cenas de ação garantem beleza estética para a violência.

No sentido de combinar cenas de ação bem coordenadas pela equipe de dublês, com excelentes efeitos especiais e uma bela fotografia do cinegrafista Jacques Jouffret. Especialmente quando Ray usa os poderes. A iluminação fica saturada de vermelho para indicar destruição e violência e a câmera lenta é aproveitada ao máximo para revelar os momentos de beleza no meio dos tiroteios e trocas de golpes.

No primeiro uso dos poderes, farinha é usada de forma muito inteligente como elemento de cena. Ela realça os impactos dos golpes e dos movimentos e aumenta a beleza dos enquadramentos. Dos momentos de ação, só dá para falar mal da montagem, que extrapola nas transições entre cenas em câmera lenta para aceleradas e, eventualmente, tem cortes demais e atrapalha a entender o que acontece.

E a ação é o melhor de Bloodshot. Apesar de Wilson fazer um excelente trabalho nesse sentido, o esforço dos roteiristas para fazer uma trama inteligente não surpreende porque, uma vez que o filme escapa dos clichês iniciais, ele abraça outros clichês. Inclusive, é possível ver que alguns personagens serão vilões antes que a reviravolta venha. Isso porque o filme apresenta os poderes deles e muito da interação de antagonistas é mostrada antes da hora.

Computação gráfica pode parecer extremamente falsa.

Isso tudo é realçado por uma necessidade estranha da produção de criar algum tipo de fantasia de poder masculina. Desde o conflito inicial com a vingança pela esposa morta, até a vilã de coração mole, passa pelo nerd esquisitão e com problemas sociais e, no ponto mais baixo, faz uma piada terrível sobre tamanho de pênis. Parece antiquado de uma forma que nem o gênero de heróis precisa ser.

Além disso, o filme comete o pecado de desperdiçar excelentes atores como o Guy Pearce e o Toby Kebbell em papeis pequenos e mal escritos. E os dois fazem o melhor possível para tentar interpretá-los bem, mesmo limitados pelo roteiro. No entanto, não se torna uma produção arrastada devido à ótima parte técnica que de vez em quando toma a tela.

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