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72 – Belezas em Revista

No mesmo ano do lançamento de Rua 42, os mesmos realizadores fizeram o que é considerado o maior musical do período, Belezas em Revista. O título não é para menos, com o mesmo nível de espetáculo do clímax do anterior, mas multiplicado por três. A história de um produtor de teatro de comédias musicais que vê o entretenimento ser roubado pelo cinema e passa a fazer prólogos para os filmes é metalinguística do começo ao fim.

Na primeira metade, o protagonista Chester Kent (James Cagney) vira noites para conseguir fazer mais de um espetáculo por semana sem perceber que é roubado pelos sócios e que a secretária Nan (Joan Blondell) é apaixonada por ele. O tom é de comédia musical, com piadas metralhadas pela tela com um tom ingênuo de um período em que não se percebia vários dos absurdos mostrados em cena. O humor, no entanto, funciona devido ao elenco que entrega cada deixa com sinceridade.

Cagney com as colegas de elenco Joan Blondell e Ruby Keeler.

Ainda assim, é incômodo notar a glamorização de exploração de trabalho, a objetificação de mulheres e a importância dada à submissão das mesmas. Nada disso importa quando, na segunda metade do filme, a trama envolve três apresentações em teatros e a câmera parece fazer parte dos números. E o espetáculo toma conta com números que desafiavam o “bom gosto” da época, com direito a prostitutas chinesas e adoração da lua de mel porque lá os casais podem fazer sexo.

É um trabalho técnico impressionante e precisa ser compreendido no contexto do tempo em que foi feito. Hoje é quase um ultraje nas representações. Mas ainda tem muitas piadas que funcionam muito bem e o show se mantém esplendoroso.

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