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Amor

amour
Dica rápida para quem pretende assistir Amor. Caso você esteja com qualquer tipo de depressão ou pensamento suicida, não assista. Eu fiquei com vontade de morrer durante o filme várias vezes. Saí da sala andando sem rumo pensando em como a vida é cruel. Por mais que o próprio filme deixe claro, a vida é linda. Difícil, né? Exatamente, Amor é um filme difícil.

Michael Haneke segue a premissa dos neo-realistas italianos. Planos sequência, fazendo com que os eventos das cenas sigam em tempo real. É assim que acompanhamos um casal de idosos, Georges e Anne, quando voltam de um concerto de piano. Haneke deixa a câmera estática e deixa os atores se moverem pelo enquadramento em um momento meigo de um casal comum, cansado e vulnerável.
A cena do concerto é a única que se passa fora do apartamento. Georges e Anne vivem sua rotina normalmente quando um dia ela simplesmente fica catatônica por muito tempo. Ele tenta molhá-la, tenta chamá-la e nada. A cena é brilhante. A câmera acompanha Jean-Louis Trintignant, quem interpreta Georges, enquanto ele procura a solução para o problema da amada. E Haneke usa isso para criar um grande suspense.
O filme avança nesse sentido. Anne vai piorando constantemente, de uma forma assustadora. Testemunhamos os esforços de Georges ao lado de sua mulher enquanto ela definha aos poucos. Mistura momentos de suspense e terror absolutos com momentos tocantes.
A transformação de Anne parece um filme de body horror. Começa com ela perdendo momentos e noção de espaço, avança para paralisia, perda da capacidade de falar e por aí vai. Todos que aparecem para visitá-los ficam em choque e entristecidos. A única figura que mantém as forças é o pobre Georges.
Trintignant é sensacional. Sua interpretação mostra a força do personagem ao mesmo tempo que esconde um grande desespero. Mas o filme é da Emmanuelle Riva. Sua interpretação de Anne é aterradora. Eu acreditei piamente que ela estava no estado da personagem. Isabelle Huppert aparece como a filha do casal e protagoniza junto com Riva a cena mais tocante. Vale mencionar a participação de William Shimell, o barítono que participou de Cópia Fiel.
Fazer com que as cenas passem em tempo real faz com que Amor seja muito lento. E muito lento não combina com quase duas horas e dez de filme. É tudo muito pesado. Quando o filme estava em seus últimos momentos eu estava cansado. Chorava, queria morrer. E não ajudou o ar-condicionado ter me deixado gripado.
É lindo, maravilhoso e assustador. Vai te deixar no chão em miséria além de te cansar muito. E tudo isso é proposital. Não se deixe enganar. A proposta é você sair do cinema se sentindo tal qual Georges. Recomendo para todos que são capazes de aguentar um filme difícil, porque se ganhar o Oscar de Melhor Filme, Amor terá merecido.
 
GERÔNIMOOOOOOOO…

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