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Akira

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Akira é considerado um dos grandes filmes cults das últimas décadas. Foi um grande marco por ter introduzido o ocidente à cultura de desenhos japoneses. Foi importante para essa indústria também ao fazer algo com um orçamento enorme e muito cuidado em seu detalhamento e construção. Tanto foco nessas questões ofuscou o que o filme é como filme.

Garoto de gangue de motoqueiros, Tetsue, entra em contato com um menino desconhecido e é levado pelo governo. Seu amigo, Kaneda, se envolve com um grupo de revolucionários enquanto procura por Tetsue. Os motivos do sequestro e os objetivos do grupo entram em choque e os dois amigos são obrigados a se enfrentar.

Kaneda tenta acertar o antigo amigo.
Kaneda tenta acertar o antigo amigo.

É o melhor que pensei como sinopse. E acredite, não faz jus ao que é o filme. Principalmente levando em conta que a explosão gigantesca da abertura, os contextos que levaram à distopia da Nova-Tóquio e a conspiração relacionada ao que é Akira sequer são mencionados.

O motivo principal é que falar sobre quaisquer dessas coisas é falar demais. O cinema animado japonês representado por Akira e por outros filmes que o seguiram tinham um padrão de lidar com filosofia através de ficção-científica. São discussões profundas e complexas cujas ramificações são muito difíceis de explicar.

O contexto científico não faz sentido algum. É um monte de blablablá sem sentido. Mas não importa de verdade. O que importa são as consequências. A disputa entre Tetsue e Kaneda ganha proporções universais, literalmente. Não existe força militar ou humana que seja capaz de impedir.

O que achei mais interessante de tudo isso é que os motivos pelos quais os dois compram a briga são extremamente egoístas e pequenos. Kaneda decide enfrentar Tetsue quando descobre que o amigo quer sua moto e Tetsue quer se vingar de Kaneda por sempre ter sido um subalterno dele na gangue. Toda a existência fica em xeque apenas por isso.

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Tetsue, motivações mesquinhas.

É um lado muito importante da obra, mas o que a fez ser tão importante é a animação em si. Acontece por causa da violência gráfica, da qualidade e do detalhamento dos desenhos e seus movimentos. O filme enche os olhos frame após frame. São imagens minimamente desenhadas, com detalhes em cada pequeno elemento em cena. E como se trata de uma animação tradicional, são 12 desenhos com esse nível de detalhamento por segundo em um filme com mais de duas horas de duração.

Tudo com um movimento fluído e bonito. Não necessariamente realista, mas que lembrava relativamente uma versão caricatural da movimentação humana. Essa realidade é usada para criar uma violência detalhada e, se fosse live-action, explícita. O filme mostra pessoas se desfigurando, explodindo, sendo esmagadas. Foi chocante e abriu caminho para toda uma linha de produção se tornar global.

Pessoalmente, prefiro o filme O Fantasma do Futuro, que tem estilização e temática bastante semelhantes. Mas é impossível negar a importância e o valor de Akira.

 

KANEDAAAAAAAAAAAAAA…

1 comentário em “Akira

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