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A curiosidade de tirar os óculos em um cinema 3D

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Chegou à minha atenção recentemente a história sobre o jornalista Thiago Calil, do portal R7, que decidiu que ir a uma sessão 3D sem os óculos era pauta. Minha reação inicial foi chamar o cara de imbecil, mas decidi ser um pouco mais profissional em relação ao assunto. Depois de saber um pouco mais sobre Calil e ler seu texto, tenho algumas considerações a fazer.

Primeiro, Calil é um repórter de respeito e trabalha a muitos anos na área. Segundo, seu texto é bastante bom. Terceiro, a área que ele mais tem interesse é música. Talvez o mais importante a ser considerado é que essa pauta dele não determina quem ele é como jornalista ou pessoa. Todo mundo comete equívocos de vez em quando. E este texto foi um dos equívocos dele.
Por que é um equivoco? Porque para fazer uma matéria sobre esta experiência, Calil deveria ter pesquisado o funcionamento dos efeitos de 3D estereoscópico, que é o efeito usado atualmente. Como muita gente, Calil não compreendia como os óculos e a tecnologia dividia a imagem na tela em duas para os olhos dos espectadores. Bastava pesquisar e ter um pouco de bom senso para ter alguma ideia de como seriam as imagens de um filme 3D sem os óculos.
Basicamente, o projetor manda duas imagens, uma que deverá ir para o olho esquerdo e outra para o direto, para a tela. As imagens são emitidas em ondas polarizadas específicas e a tela especial para o efeito consegue refletir as duas imagens sem perder a polarização. Quando chega no espectador, os óculos possuem lentes que filtram polarizações de luz específicas que param as imagens. A lente direita impede a imagem esquerda de ultrapassar e a esquerda impede a imagem direita. Então qual vai ser a imagem sem os óculos? Duas imagens sobrepostas. Simples assim.
Não é preciso ir ao cinema e tirar os óculos para saber disso. Calil, desinformado, fica impressionado com as duas imagens sobrepostas e fica ainda mais surpreso que sempre tem alguma coisa nas imagens que se encontra no mesmo lugar. Isso se dá porque as cenas precisam se focar em um objeto. Quando as duas imagens se focam em um mesmo objeto, este aparece nitidamente sem os óculos porque as duas imagens o retém no mesmo lugar.
Ou seja, todas as surpresas de Calil em relação ao que veria sem o apetrecho poderiam ser evitadas caso ele se desse ao trabalho de fazer uma apuração. Considerando a pauta, parecia adequado.
Pior é que Calil ainda começa a fazer observações sobre como é que a imagem fica para quem estava usando o óculos. Isso sendo que ele não estava usando. Ou seja, ou ele está especulando sobre uma informação que ele desconhece, ou mentiu sobre não ter entrado sem os óculos.
Mais extraordinária ainda é a conclusão de Calil em relação à experiência que fez. De acordo com ele, se a pessoa não gosta de usar os óculos 3D, é melhor assistir a filmes 2D. Agora eu pergunto a qualquer leitor: Era preciso ir ao cinema para saber de qualquer das conclusões óbvias às quais Calil chegou?
Pois é.
Mas a verdade é que Calil só queria fazer um texto engraçadinho zombando de um efeito que ele não gosta. Existem equívocos terríveis nessa matéria. Se foram só dele ou também envolveram o resto de sua redação não há como dizer. Acho que esses ataques contra o 3D poderiam até ser consideráveis se fossem feitos de maneira adequada. Não em um texto tendencioso e bobo.
 
ALLONS-YYYYYYYYYY…

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