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Taxi Driver

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Começou a brincadeira. O Cinemark abriu sua sessão de filmes clássicos com o pé direito, colocando nada menos que um tresloucado Robert De Niro sob a tutela do Martin Scorsese. Taxi Driver é apenas um dos maiores filmes da história, com a assustadora interpretação de De Niro como um perturbado motorista de táxi em uma espiral de loucura.

Ex-fuzileiro naval se vê incapaz de dormir com um “fedor” que sente constantemente nas ruas de Nova Iorque. Para ocupar suas noites, ele assume papel de motorista de táxi. O cargo lhe dá as condições para que testemunhe em primeira mão o que há de mais comum em todas as ruas da cidade.
Falar que Martin Scorsese é um dos grandes gênios do cinema é pleonasmo. Apaixonado pela arte e um dos nomes por trás da subversão da linguagem hollywoodiana na década de 1970, Scorsese faz em Taxi Driver um dos retratos mais assustadores dos Estados Unidos logo após a Guerra do Vietnã. Se Travis Bickle (De Niro) está perturbado, seu estado não é pior que o poderio bélico de seu país quando chegou na nação vietnamita e percebeu que eles não queriam sua ajuda.
Imagine então quando um soldado volta da guerra e descobre que seus comterrâneos sequer se importam com a guerra ou com o horror que os militares americanos passaram nela. Pesquisas dizem que uma explosão violenta de um indivíduo é sinal da incapacidade do mesmo de comunicar sua indignação. Fica fácil então prever qual o tipo de final que espera por Travis e seu incômodo com o que vê todos os dias.
Por um lado, ele procura uma âncora na beldade que vê trabalhando em um espaço tomado pela campanha de um candidato à presidência. Por outro, procura salvar a alma de uma criança que chama constantemente de vítima. Que a personagem da jovem Jodie Foster, na trama com 12 anos, é vítima não há dúvida, mas que as intenções de Travis para com ela são honestas é altamente duvidoso.

TAXI DRIVER.4Jodie Foster como Iris. A prostituta mirim a ser salva.

Por que justamente o interesse nela dentre todas as meninas? Será porque ela foi a primeira a entrar no carro dele e criar algum contato, ou porque ele tem algum tipo de interesse? Na cena em que tenta conversar com ela pela primeira vez, ele se sente envergonhado quando ela mexe no zíper de sua calça. Vergonha pela realidade dela, ou pela excitação?
Da mesma forma, ele obviamente vê Betsy, a bela moça que trabalha para o Senador, como um exemplo de humano além do lixo que ele vê em todas as pessoas. No momento em que ela percebe o primeiro sinal da condição mental de Travis, ela faz o que qualquer pessoa sensata faria. Foge. Os pensamentos dele em seguida são de ódio. Ela o repudiou, então não é nada além do resto que ele tanto despreza.

taxidriver2Betsy. Da admiração ao repúdio.

Pouco a pouco fica claro que ele é racista e homofóbico. Nunca por conta das coisas que ele diz, mas por conta das nuances de De Niro quando alguém age com esses preconceitos próximo a ele. Levando ele ao caminho da destruição no final.
Para mostrar essa realidade turva da mente de Travis, Scorsese faz algo muito interessante com a fotografia. Além de deixar tons escuros que remetem muito ao noir, somado ao saxofone ininterrupto o estilo é pulsante, ele faz com que as luzes que engolem o universo de Travis sejam verdes, amarelas e vermelhas. Verde quando as coisas estão bem, vermelhas quando ele dá os passos errados e amarelo quando ele está visivelmente perturbado com algo. As cores e os avisos que elas representam nos semáforos estão presentes na visão de Travis do mundo.
No elenco, um hipnotizante Robert De Niro que parece encarnar os problemas de Travis. A icônica cena em que questiona o espelho sobre com quem ele conversa ficou famosa por um motivo. Cybill Shepherd estava no ápice de sua beleza, tão envolvente em sua atuação quanto é bela. Jodie Foster mostrava talento desde cedo com a prostituta juvenil Iris, demonstrando carisma com o misto da malícia de uma criança acostumada com o sexo e a ingenuidade da pouca idade. Harvey Keitel é assustador como o cafetão que abusa da carência das crianças que vende.
Não é preciso falar muito quando se fala de Martin Scorsese. Menos ainda quando se fala de um dos seus grandes clássicos. Todo mundo já ouviu falar de Taxi Driver. Assistir é fácil, uma vez que ele está disponível de tantas formas para o público. Basta procurar.
 
GERÔNIMOOOOOOOO…

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