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A Viúva das Sombras (Vdova – 2020)

Cinema deve estar rendendo na Rússia. O país tem exportado filmes carregados de efeitos especiais em alguns dos gêneros mais populares. É de lá que vieram coisas como A Noiva ou A Sereia: Lago dos Mortos. Agora, do mesmo grupo, surge este A Viúva das Sombras. Mais uma vez voltado para algum tipo de maldição ou assombração relacionada com um arquétipo “feminino”.

Desta vez, a tal Viúva das Sombras do título assombra uma floresta próxima de São Petersburgo depois de ter sido jogada nua em um poço. Segundo lendas, ela busca vingança contra qualquer pessoa que passar pela mata. Lá, uma documentarista filma o treino de uma equipe de resgate florestal quando eles são chamados para procurar um garoto desaparecido. Mas, enquanto procuram, encontram uma mulher nua e em choque.

Não demora muito para que o diretor e corroteirista Ivan Minin aprofunde a produção no que quer fazer, um terror a la A Bruxa de Blair. Não apenas por ter características de found footage, mas também em estrutura de roteiro, em cenas de terror e várias outras coisas.

Inspiração ou cópia

O estilo, por si só, não é nem bom nem ruim. Há pérolas como o excelente Rec, e desastres como Apollo 18. A técnica foi copiada e, eventualmente, melhorada com o passar dos anos e dos filmes. Mas A Viúva das Sombras, apesar de começar com entrevistas com pessoas que viveram ou vivem próximo à floresta, e seguir com imagens do documentário, logo deixa de ser um found footage.

Antes mesmo de o grupo entrar na floresta, na verdade. Depois de receberem o chamado, há um corte para uma câmera normal dentro do carro de resgate. Então ele segue como um filme de terror normal. Mas a história aprofunda cada vez mais em A Bruxa de Blair e se afasta de uma trama sobre um fantasma no mato.

Não é um exagero ou uma referência. Assim como no clássico de 1999, os personagens passam mais tempo perdidos na floresta e surpresos com uma ou outra coisa confusa do que realmente encontram a criatura ou entidade. Lá pra uma hora de produção, tudo começa a acontecer de uma vez e acaba rapidinho.

Barriga e incoerências

O problema está na concepção. É interessante e curioso ver a equipe encontrarem a pessoa errada. Depois se perderem por horas. O que vem depois é que incomoda. Primeiro, eles quebram uma das regras principais que eles mesmo explicaram menos de vinte minutos antes. Se eles encontram alguém, resgatam antes de ir procurar por mais gente. Mas eles chegam a abandonar a mulher no chão para correr atrás de gritos.

Então, para preencher a próxima hora, o grupo atola o carro, se perde em bifurcações. E nada acontece. Quando a equipe finalmente começa a ser atacada pela coisa na mata, o troço é tão poderoso, que não tem razão para deixar eles fugirem para uma cabana em certa cena, e depois para uma clareira. E por aí vai.

As poucas respostas que A Viúva das Sombras entregam não são coerentes com o poder da coisa, nem com como ela atacou, ou à relação dela com a mulher misteriosa. Não é necessário explicar para que um filme seja bom. Mas é importante que o que é apresentado pelo menos seja coeso.

Bons momentos esporádicos

Por outro lado, quando Ivan Minin quer mostrar, ele consegue apresentar boas ideias. Em certo ponto, os membros da equipe encontram um celular. Quando assistem ao último vídeo gravado, A Viúva das Sombras volta a ser filme perdido por alguns minutos.

Os poucos efeitos especiais também são muito bem realizados. Desde sobreposição de cores negras em olhos, até pessoas arremessadas para o alto. Os movimentos são feitos para parecerem inumanos. E funcionam para aumentar o horror nas cenas em que são usados.

Quando termina, A Viúva das Sombras se focou demais em sustos fáceis, e pouco em contar a história. O resultado é um filme que não dá medo ou perturba. E a barriga desnecessária no meio já deixa o espectador cansado antes mesmo de ter chance de se interessar nas assombrações.

A Viúva das Sombras (2020)

Prós

  • Boas ideias quando usa o estilo filme perdido
  • Produção bem feita tecnicamente

Contras

  • História incoerente
  • Muitas cenas seguidas no meio não acrescentam e cansam

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