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1001 Filmes #44 – Chantagem e Confissão

Anny com a faca do crime na mão

Quem diria que, antes do número 100 nesta lista, já seria possível encontrar um filme do Alfred Hitchcock? Mas basta rever a obra dele, com mais de 50 direções que vão desde o cinema mudo até o colorido décadas depois, para perceber que existem produções o suficiente com a assinatura dele para que ele talvez esteja presente até os 200 ou 300.

É apenas uma demonstração do talento do diretor, que fez desse Chantagem e Confissão não apenas o primeiro filme falado dele, mas também o primeiro da Inglaterra. Mesmo com a expectativa e o investimento comercial, Hitchcock já mostrava uma característica fundamental da carreira: era moderno entre os clássicos.

Isso é notável desde o roteiro, adaptado pelo próprio Hitchcock com a ajuda de mais duas pessoas para o diálogo da peça de Charles Bennet, até as técnicas de filmagem. Trata-se de um suspense sobre a culpa de Alice (Anny Ondra), que assassinou um homem que tentava estuprá-la. Essa culpa decorre, principalmente, por ser uma história contada em 1929, quando o ato certamente não seria enquadrado em autodefesa.

perseguição no museu
O chantagista foge por um museu. Enquadramentos grandiosos.

Mostrar algo que seria condenável na época como inocência já seria progressista, mas Hitchcock faz questão de fazer com que a vilania esteja sempre com os homens por meio da linguagem visual. O namorado de Alice, Frank (John Longden), não tem consideração por ela e não a respeita, o que justifica ela ter aceitado os cortejos de outra pessoa logo no começo do filme. O estuprador claramente a manipula para que ela o siga até o apartamento dele e o jogo de sombras o faz ser uma figura imponente sobre ela, completamente vulnerável no lugar.

Além disso, Hitchcock brinca com o som ao fazer com que o tormento pessoal de Alice ecoe com o grito da mulher que descobre o corpo da vítima acidental dela. Ondra, diga-se de passagem, é uma excelente atriz. Substitui a inocência inicial da personagem por um olhar vidrado de alguém que passou por um trauma profundo. Isso também se reflete no movimento lento das mãos, como se receasse todo contato e toda possibilidade após o crime.

Infelizmente, esse é mais um dos filmes da lista impossíveis de achar no youtube, mas é fácil de encontrar em sites de download da vida. Vale muito a pena.

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