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X-men – Dias de um Futuro Esquecido

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Dias de um Futuro Esquecido é só o sétimo filme da franquia X-men desde o primeiro de 2000. No meio de tantas continuações, metade das produções foram boas e a outra muito ruim. O diretor que iniciou tudo volta para o comando depois de anos afastado com um pepino e tanto nas mãos.

Próximo à extinção dos mutantes em um futuro apocalíptico, descobre-se uma forma de enviar uma pessoa para o passado. Wolverine volta para o ano de 1973 com a intenção de evitar um evento que causará a grande guerra entre os humanos e os mutantes. Assim, ele impedirá o futuro terrível do qual veio.
Lá atrás, no terceiro filme da franquia, alguém estragou tudo. Mataram metade dos personagens principais em uma trama confusa e mal conduzida com o intuito de criar uma cena triste e bonitinha que fica apenas piegas. Então os produtores resolveram escapar para o passado dos personagens mais velhos e fizeram um filme excelente. Aproveitando um ciclo clássico dos personagens nos quadrinhos, surgiu a oportunidade de unir as duas linhas de tempo, abrir espaço para diversos filmes mais pra frente e ainda corrigir os erros do passado.
É uma tarefa complicada por si só, mas Dias de um Futuro Esquecido vai além ao querer ser ainda mais que apenas isso. O filme não aspira apenas resolver todos os problemas de uma franquia, mas também ser um bom filme por si só. Para fazer isso, a Fox jogou dinheiro em cima de Bryan Singer. Ele, por sua vez, criou um conflito interessante para cada um dos personagens. Tanto no futuro da história quanto no passado da mesma.

quicksilver-days-of-future-pastA galerinha do passado

A produção abre com uma sequência de ação impressionante. Os efeitos e o que é realizado em cena já funcionam muito bem sozinhos, mas Singer sabe conduzir sequências de ação acrescentando a elas o suspense da expectativa. No momento mais interessante do filme, vários personagens se encontram juntos em um contexto complicadíssimo e todos passam por algum suspense fechado. Tem o Magneto perseguindo uma pessoa aqui enquanto o Fera tenta detê-lo ao mesmo tempo em que Charles e Wolverine estão tentando lidar com outra complicação em outro lugar. A tensão é grande e prende o espectador durante os efeitos e as batalhas.
Quando o mutante chega ao passado, os conflitos já criaram interesse suficiente. Seguem uma sucessão de cenas divertidíssimas com direito a um humor muito bem dosado com todo o suspense e perigo. Esse ritmo extremamente divertido vai até o meio do segundo ato, quando Singer mostra sobre o que seu filme realmente se trata.

wolverine-x-men-days-of-future-past-bone-clawsWolverine descobre seu corpo mais jovem. Esse maluco tem quase cinquenta anos.

Xavier, Fera, Magneto e Mística passaram por muitas coisas desde o filme anterior. Muitas dores e sofrimentos que os afastaram das pessoas que eles viriam a ser no início da franquia. Compreender esses traumas é parte interessante da trama. Pouco a pouco fica claro que o caminho que seguiam levaria diretamente à primeira trilogia e, acima de tudo, ao péssimo final do terceiro filme. É quando Charles se vê com uma dúvida cruel. De que adianta lutar se ele não pode alterar a natureza das pessoas envolvidas.
O final do segundo ato se dá desta forma, intimista. Revelando que X-men – Dias de um Futuro Esquecido não é apenas um grande e divertido blockbuster. Trata-se da velha discussão entre Charles e Magneto. Os dois querem que os mutantes ganhem seu espaço de direito, um através da guerra aberta e o outro através da paz e do diálogo. A discussão pode ser “velha”, mas é o que dá mais força a uma franquia que lida com questões como preconceito e medo. E conseguir mostrar uma nova faceta desta moeda é apenas mais uma qualidade do filme.
O problema é que, para conseguir levantar essas reflexões, o ritmo dá uma desacelerada em uma pequena parte. Saindo de uma metade extremamente rápida, cria um choque levemente desconfortável. Mas o filme fica rápido novamente quando o terceiro ato começa retomando a ação equilibrada com todos os riscos chegando ao nível máximo.

x-men-days-future-past-kitty-pryde-icemanA patotinha do futuro. “Oi Ellen Page…”

Bryan Singer faz ligações sutis com os filmes anteriores. Prestando atenção, a abertura remete ao início do primeiro filme através de pequenos detalhes. Ele demonstra como ficou mais maduro. Sabe dosar a velocidade do filme. Sabe quando colocar a câmera em closes nos personagens e quando mostrar pouco, dando espaço para coisas mais importantes. Não é uma grande direção, mas uma grande forma de se contar uma história. Principalmente uma que lida com conceitos tão difíceis de lidar, como viagem no tempo.
A direção de arte é primorosa. Apesar de construir os anos 1970 a rigor, não permite que os estilos da época tomem conta de toda a produção. Esse estilo funcionou em Primeira Classe, mas em contraste com um futuro distópico tão pesado faria o filme cair em um certo nível de falsidade. As roupas e os cabelos são setentistas, mas são cuidadosamente colocados de forma a não causar estranhamento para o espectador atual.
A fotografia sai do escuro do futuro para o claro do passado, sem grandes momentos. Ela brilha quando Singer resolve retratar o passado com um efeito que assemelha a imagem às filmagens de uma película de 8mm. Faz com que as sequências capturadas pareçam naturalmente do período em que se passam.
A trilha sonora volta ao comando de John Ottman, que também cuidou da ótima montagem. Ele retoma temas de todos os filmes da franquia misturando-os de forma grandiosa. É bem impressionante, apesar de a música não ganhar muito destaque.
O elenco do filme é simplesmente impecável. Somando praticamente todos os grandes nomes da série, é difícil ver um elenco que soma atores como Hugh Jackman , Michael Fassbender, James McAvoy, Jennifer Lawrence, Ellen Page, Omar Sy, Patrick Stewart e Ian McKellen. Todos excelentes, sem um elo fraco sequer.
Preciso dar destaque à representação do mutante Mercúrio, que é chamado apenas de Peter por conta de problemas de direitos autorais. Ele é dono de uma das cenas mais impressionantes do filme. Mas a parte realmente interessante do personagem é como Singer e o ator Evan Peters resolveram retratá-lo. Ele é um adolescente com poderes de super velocidade. Ele literalmente vive mais rápido que o mundo normal, então procura coisas para se distrair da monotonia da vida que para todos os outros é tão movimentada. Quando chega sua grande cena de ação, ele começa colocando fones de ouvido quase com tédio, porque mesmo o ato de desviar balas são terrivelmente enfadonhos para ele. O personagem é fascinante dentro dessa premissa e merecia um filme só seu.
O final chega com a sensação de que Singer conseguiu realizar todos os seus objetivos, com um desfecho emocionante tanto para os personagens quanto para os fãs dos filmes anteriores. Roteiro redondo, grandes cenas de ação, ritmo rápido e divertido, história com profundidade e abertura para expandir a franquia. Dias de um Futuro Esquecido é uma excelente surpresa considerando como poderia ter caído facilmente no ridículo.
 
ALLONS-YYYYYY…

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