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Wolverine Imortal

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É muito triste sair do cinema após uma sessão de um dos últimos grandes lançamentos do verão americano e perceber que até agora esse filão só rendeu dois filmes bons nesta temporada. A grande maioria foram decepções como O Homem de Aço e este Wolverine Imortal. Quem acompanha o blog a algum tempo sabe o quanto eu estava empolgado com a possível retomada do mutante mais popular dos quadrinhos.

Depois do massacre do terceiro filme dos X-men, Wolverine passa a viver como ermitão para lidar com o luto da morte de Jean Grey. Encontrado por uma misteriosa garota japonesa, ele vai até o país oriental para encontrar um homem próximo da morte que conheceu décadas antes.

Wolverine Imortal era a promessa de que o Wolverine ganharia um filme que lhe faria jus. Inspirado na história em quadrinhos considerada por muitos como uma das melhores do personagem. O filme buscava analisar o personagem de maneira mais intimista, revelando como ele chegou a ser quem ele é.

De certa forma, eles conseguiram seguir a proposta. O filme é sobre o que faz com que o homem seja o Wolverine. Mérito, entre outras coisas, do Hugh Jackman. O australiano finalmente acertou o tom do mutante irritado. Ele parece um ser velho e cansado que precisa lidar com muita raiva contida e muita indecisão relacionada ao seu lugar no mundo. Quando ele ataca alguém com raiva, realmente parece estar no limiar entre uma besta e um homem.

O Wolverine mais animalesco do cinema.
O Wolverine mais animalesco do cinema.

James Mangold é o diretor da vez. Ele é um diretor cuja obra possui pouca expressividade, mas bastante eficiência. Para o seu primeiro filme de super-herói, ele faz algumas escolhas ousadas. É reverencial à cultura japonesa ao mesmo tempo em que cria um contraste ao levantar questionamentos ocidentais.

O mutante respeita o novo ambiente em que é inserido, mas não consegue deixar de ser grosseiro e truculento. Ao mesmo tempo em que o lado que mais tenta esconder vai se revelando aos novos conhecidos. Não consegue ficar longe da donzela em perigo apenas porque ele possui boa índole.

Em certo ponto ouve de outro personagem que ele é um guerreiro. Luta por causas justas como todos os outros e busca apenas uma morte apaziguadora. É uma analogia bem clara aos samurais. O jeito do homem com esqueletos de adamantium acaba conquistando o respeito dos japoneses que são capazes de aceitá-lo ao invés de julgarem-no por ser mutante.

O ocidente se faz mostrar quando os valores familiares japoneses são severamente invertidos pelas reviravoltas finais. Levanta reflexões muito interessantes, como o valor das tradições em comparação de valores de caráter. Afinal de contas, quem é mais digno, a aberração que faz o bem ou o homem tradicional que vai às últimas consequências por honra?

Mas o bom gosto de Mangold se revela mesmo ao diminuir os poderes do personagem principal. Como fazer um conflito no qual podemos sentir medo pelo protagonista se ele se cura de tudo e é imortal? Tira o que faz ele ser assim e o trata como um humano passando por perigos reais. Apesar de ser extremamente raivoso e próximo do bestial, Wolverine agora é vulnerável e, por isso mesmo, mais identificável.

A sinopse do filme cobre aproximadamente uns vinte minutos da produção como um todo. É um filme de camadas. Quando uma camada de trama se desenrola, uma outra está por baixo. Chega a ser surpreendente como isso acontece de forma fluída. Enquanto o mutante centenário busca se livrar do incomodo da viagem para voltar a se enclausurar numa floresta, coisas mais e mais elaboradas acontecem o prendendo ao Japão.

Tudo isso embalado com um ritmo bem dosado. A trama desenvolve rapidamente. A ação tem bons momentos, não fica exageradamente grande e é bem dirigida. Durante um enterro, Wolverine se vê envolvido em uma perseguição com tantos elementos que é quase surpreendente não ficarmos nunca perdidos durante a cena.

O problema é quando o filme chega ao final do segundo ato. Toda a trama até então é fechada e o ciclo de desenvolvimento do personagem encontra seu clímax. Então o filme corre para um terceiro ato que não se encaixa no roteiro, com cenas de ação malucas e um monte de coisas que não fazem sentido com todo o resto.

Um robô gigante? Que maluquice é essa?
Um robô gigante? Que maluquice é essa?

De repente tem um robô gigante, uma vilã completamente maluca, uma cena de ação cheia de computação gráfica que não funciona e parece que estamos em uma psicodelia sem sentido. A explicação para a forma como todo o resto do filme se encaixa nesse plot final é a fala: “Você acha que foi porque você é forte, ou porque você é fraca?”

Eu fiquei esperando a continuidade da explicação. Ok, ela é fraca. Ela ser fraca implica em que? Afinal de contas, tivemos uma hora e meia de segundo ato que não faz sentido com o que está acontecendo agora e você me solta meias explicações.

É igual ao Homem de Aço. Vira uma loucura no terceiro ato que destrói tudo construído previamente. Mal comum a filmes de heróis. Acredito que é justamente o problema aqui. Quando é sobre um homem, Wolverine Imortal é interessante. Quando é sobre um super-herói, vira uma brincadeira de adolescente.

 

FANTASTIC…

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