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Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança

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Inspirado em cinesséries das décadas de 1930 e 1940. Em uma época na qual a indústria cinematográfica estadunidense passava por reinvenção. Com diversas características que eram atribuídas a obras de baixa qualidade dos anos 1950. Um diretor que vinha de um grande fracasso. Um elenco de jovens desconhecidos. Muito dinheiro emprestado da Fox. Isso era Star Wars até o lançamento do primeiro filme, em 1977.

Luke Skywalker (Mark Hamill) é um fazendeiro em um planeta esquecido em um canto distante da galáxia. Junto com o tio, compra sem saber dois robôs que carregam um segredo que pode trazer a queda do império maligno que controla todo o universo conhecido. Junto com o estranho mestre Jedi Obi-Wan (Alec Guiness), Luke contrata o contrabandista Han Solo (Harrison Ford) para ir salvar a princesa Leia (Carrie Fisher), dona dos robôs, e encontrar com a aliança rebelde.

O diretor e roteirista George Lucas misturou dois conceitos pelos quais era apaixonado: o conceito da Jornada do Herói concebida por Joseph Campbell e uma cinematografia pulp que tomou os cinemas quase 40 anos antes. Talvez a atriz Daisy Ridley, que está no Episódio VII, tenha explicado melhor: “Star Wars é uma história incrível sobre pessoas encontrando o lugar delas no mundo”.

Joseph Campbell criou uma série de passos que relacionou a histórias através das culturas humanas em diferentes eras e os chamou de A Jornada do Herói. Com base nesses passos, Lucas criou a história do Luke Skywalker. No filme, é possível ver claramente todos os itens básicos da estrutura de Campbell. Luke começa com um universo pessoal bastante específico e dele não apenas cresce para se tornar um grande herói, mas se identifica com a posição. Funciona muito bem. Luke desperta simpatia em poucos minutos depois que aparece no filme e conduz a trama até o final.

starwarshope2546Luke preso em um lugar comum. Difícil não se identificar.

Mas Lucas também seguiu outra inspiração para o roteiro de Star Wars. A Fortaleza Escondida, do Akira Kurosawa, conta o enredo do ponto de vista de dois escravos que não necessariamente possuem muita influência na historia. Por conta disso, George Lucas colocou todo um longo primeiro ato ao redor dos dois robôs comprados por Luke. O protagonista faz com que o espectador se interesse pela narrativa, mas ele só aparece depois de mais de meia hora. Até a ação da produção começar de verdade, já se passaram uma hora de filme.

Na época funcionava porque o cinema contava histórias lentas, mas para tempos atuais fica um pouco ultrapassado. Principalmente porque Lucas pretendia resgatar um estilo de ação e aventura antigo e mais rápido. Quando a novidade se revela no filme, o espectador que vive com um cinema mais acelerado já está cansado.

Antes disso, porém, pequenos detalhes chamam a atenção. Todos eles relacionados ao riquíssimo universo inventado por Lucas. De guardas imperiais com armaduras belas e brancas, passa por robôs estranhos com inúmeras formas inumanas até chegar a um desbunde em um bar onde diversos alienígenas criminosos se reúnem para beber e negociar. Não funcionaria sem design de produção inventivo, cinematografia além do tempo e composição sonora detalhada e rica.

O designer John Barry criou uma série de seres que não se adequam a quase nada que exista na Terra. Ao mesmo tempo, imaginou construções, veículos e outros cenários com base em características estruturais reais, mas que criam imagens levemente fora do comum. O resultado são naves em formas de discos e da letra X, estações vilãs com formas geométricas e todo tipo de bicho.

ws_StarWars__A_New_Hope_1600x1200Composição de cena através de efeitos especiais. Algo nunca antes visto.

Lucas juntou uma equipe de jovens estudiosos de efeitos de cinema e deu a liderança para o John Dykstra, que descobriu como filmar maquetes e combinar as inúmeras imagens em takes longos inspirados em filmagens de guerra. Ação nunca foi tão rápida, colorida e criativa. Em combinação com os efeitos sonoros compostos por Ben Burt, tudo ganha ainda mais verossimilhança. O chamado mago dos efeitos sonoros realizou coisas que se tornaram clássicas, como o som do sabre de luz.

Mark Hamill e Carrie Fisher eram jovens e animados. Ele sempre foi um pouco apagado em cena na trilogia. Ela, porém, consegue criar dignidade com os olhares de desdém misturados com carinho de Leia. O trio principal fecha com o Harrison Ford, que faz da canalhice de Han Solo algo charmoso. Os três injetam energia na produção. O veterano Alec Guiness fez com que Obi-Wan fosse antológico com palavras de saberia ditas com calma. Cada olhar do ator parece calculado pelo personagem.

Enfim, é fácil compreender como Star Wars foi tão importante não apenas no cinema. Ele movimentou a imaginação mundial. George Lucas o chamava de musical porque a música orquestrada do John Williams nunca pára e foi fundamental para que esta parte técnica se tornasse tão relevante depois. O ritmo passou a ser mais rápido, com mais trilhas, com novos efeitos, nova forma de vender os filmes. Não é de se admirar que ainda é tão popular.

 

FANTASTIC…

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