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Uma História de Amor e Fúria

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Grande promessa de uma animação nacional adulta e inteligente de qualidade feita para o cinema, Uma História de Amor e Fúria é escrito e dirigido por um roteirista com uma boa carreira. Trata de temas relacionados com sua formação em antropologia e história. Foi realizado com diversos profissionais de animação que nunca tiveram oportunidade de fazer longas metragens.

Um casal de índios tupinambás se apaixona, mas tem seu amor impedido pela dominação portuguesa. Ele é escolhido pelos deuses para ser o salvador de seu povo. Por isso ganha o poder da imortalidade até o dia em que finalmente consiga cumprir o seu destino. Atravessa a história do Brasil sempre se reencontrando com Janaína, seu amor perdido. Sempre tentando cumprir seu destino.
O filme levanta várias discussões em seu curto período de duração. Justiça, revolução, história (como ciência), amor, sacrifício e morte. Sempre que Janaína reencarna, ela e seu amado se vêem em meio a alguma espécie de conflito político. Os dois sempre estão do lado dos oprimidos e sempre lutam por justiça.
Começa com a luta para livrar os tupinambás dos portugueses. Passa para a revolta em Maranhão contra o Duque de Caxias e o início do Cangaço. A ditadura militar é tema obrigatório e fecha com um futuro distópico em um Rio de Janeiro com escassez de água.
A cada tragédia, as crenças do personagem principal mudam. Primeiro ele tenta ser o herói, depois é obrigado, passa a ser passivo e eventualmente fica indiferente. Seu espírito vai sendo destruído a cada tragédia.
É uma jornada dolorosa. Infelizmente o final do filme se resume demais em ser uma história de amor. Depois de tudo o que o filme construiu, se resume a ser sobre o relacionamento entre um homem e uma mulher.
A animação é muito mal feita. Parece animação em flash. Os personagens passam muito tempo parados, com pequenos movimentos animados. É um recurso antigo de economia de trabalho. Recurso feito para TV, não para o cinema. Em tela grande, parece preguiça.
Os movimentos não parecem vivos. O filme aparenta ter sido feito todo com recursos pré definidos de programas de animação como o After Effects. Os personagens não expressam as interpretações que as vozes fazem. Os lábios não possuem sincronia com as falas. Dói de ver.
As imagens são lindas, enchem a tela de beleza. Até que as imagens começam a mover. Daí é vergonhoso. O diretor Luiz Bolognesi estréia sem mão firme. A direção das vozes é esquisita e a animação não tem expressão. O filme inteiro é esquisito de assistir. Só o Selton Mello garante sua boa participação. Mas vale lembrar que antes de ser ator, ele teve anos de experiência como dublador. A Camila Pitanga e o Rodrigo Santoro não. Eles parecem tão fora de lugar quanto o resto do elenco.
Vale mais pelo texto que pela realização. Uma pena.
 
ALONS-YYYYYYYY…

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