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Um Divã para Dois.

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O diretor David Frankel tem uma carreira muito curta. Um Divã para Dois é apenas o seu quinto filme. O primeiro se chama Casos e Casamentos e foi feito em 1995, mais de dez anos antes de seu retorno em O Diabo Veste Prada. No meio tempo ficou dirigindo episódios de séries de TV. Depois do grande sucesso da adaptação do livro sobre a indústria da moda, adaptou com muito êxito o gerador de lágrimas Marley e Eu e o desconhecido O Grande Ano, lançado direto no mercado de entretenimento caseiro. E agora foi a vez desse Um Divã para Dois.

Fica bem óbvio que Frankel dirige filmes comerciais e otimistas. Chega bem perto de ser mais um diretor de aluguel de Hollywood. O seu diferencial é ser um diretor eficiente. Mesmo sendo absurdamente comercial e sem grande expressividade em sua direção, suas obras sempre passam muito bem o que tem pra dizer. O Diabo Veste Prada era uma reflexão interessante e divertida sobre carreira e vida social, Marley e Eu é um dos mais perfeitos reflexos do que é amar seu bichinho de estimação. E Um Divã para Dois é um questionamento inteligente sobre casamentos e conformismo.
E o texto é tão inteligente que conseguiu chamar a atenção do Tommy Lee Jones e da Meryl Streep. Arnold e Kay, personagens dos dois veteranos, estão completandos 31 anos de casamento sem dividirem o mesmo quarto, sem tocar um no outro e às vezes sem sequer trocar um olhar. Kay então força Arnold a viajar para Hope Springs, onde vão fazer terapia de casal por uma semana com o objetivo de reanimar o casamento.
Vendo o trailer, parece ser apenas uma comédia romântica boba na qual Kay e o terapeuta vão precisar quebrar a má vontade de Arnold para que ele volte a dar valor a sua mulher. Mas o filme surpreende. Os conceitos da terapia parecem fazer sentido, do pouco que conheço do assunto, e Arnold não é o único problema do relacionamento.
Mérito para Meryl Streep. Estamos tão acostumados a vê-la interpretar papéis femininos fortes que é impressinante assistí-la tão vulnerável e fechada como Kay. E sendo tão fechada, vulnerável e insegura, Kay acaba afastando o marido sem saber. Não que as culpas sejam todas dela. Arnold é tacanho e não fala sobre as coisas que o incomodam por achar que discussões apenas vão piorar as coisas.
O filme não cai no lugar comum de ficar fazendo comédia de situações menores e trata o casal principal com muita sinceridade e sensibilidade. Ao invés de termos momentos idealizados de comédias românticas, vemos como é interações comuns entre duas pessoas que estão precisando reaprender a se abraçar. E como os dois atores brilham ao fazer isso. Tommy Lee Jones usa bem seu lugar comum para criar o homem mau humorado e ultrapassado que não quer falar sobre sexo com um estranho. A medida que Arnold vai se abrindo para a terapia, fica bem expressivo a falta de jeito para dar um beijo, para segurar a mão da mulher.
Steve Carrell interpreta o tal terapeuta e quase não faz nada no filme. Fica bem visível que ele aceitou o papel pela oportunidade de trabalhar com os dois atores. A mesma coisa com a Elisabeth Shue, que tem uma participação minúscula sem vergonha. Ou ela estava querendo pagar o aluguel ou queria poder compartilhar uma cena com a Meryl Streep.
Como tudo do diretor, Um Divã para Dois é eficiente e vai cumprir o seu papel melhor que a maioria das coisas liberadas por aí. Apesar de seu teor altamente otimista e comercial. Recomendado para assistir a dois.
 
GERÔNIMOOOOOOO…

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