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Truque de Mestre

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Filmes sobre ilusionismo são complicados. É um universo cheio de regras que podem ser facilmente comparadas com características do cinema. Por isso mesmo é muito fácil trabalhar com metalinguagem, como em O Grande Truque. Mas Truque de Mestre segue outra premissa.

A história é tão esquisita quanto a sinopse apresenta. Quatro ilusionistas se reúnem para usar suas habilidades para assaltar um banco. Um agente do FBI se une a uma policial da Interpol e começam a tentar capturá-los. Simples assim, começa o “jogo de gato e rato”.
No filme de 2006, o Christopher Nolan usou um método um tanto cretino para conseguir enganar o espectador mais esperto. Ele mudou as regras do universo do meio para o final do filme. É muito fácil surpreender quando você chega no meio de um filme de época e ele vira uma ficção científica de repente. É o tipo de coisa que eu odeio nos filmes do britânico.
Aqui, o macete para enganar é ser óbvio. Impressionante o quanto Truque de Mestre é óbvio. Com quase quinze minutos de filme, já se tem alguma ideia de como tudo vai acabar. O personagem do Morgan Freeman libera uma informação que é a chave para tudo.
Só não vê quem não quer. Com uma superexposição, o personagem explica toda a regra do universo do filme. E simples assim, tudo fica previsível. Não importa o que os agentes ou os mágicos façam, é óbvio o que está acontecendo. Menos para os personagens, convenientemente.
Os dois investigadores não conseguem ver o que está diante deles. Fica parecendo que os ilusionistas são mais espertos do que realmente são. É um truque para criar empatia e antipatia. Os mágicos são, em teoria, os principais. Mas eles quase não aparecem. Então, para que o público torça por eles, eles são sempre engraçados, sarcásticos, inteligentes, carismáticos, mais bonitos e toda essa besteira.
E os investigadores? O Mark Ruffalo nunca pareceu tão velho e cansado. Ele entra rabugento, faz coisas idiotas e é agressivo demais. Ao mesmo tempo em que cria esse maniqueísmo bobo, o filme ainda tenta construir um romance entre os dois personagens do lado correto da lei. Ou seja, ao mesmo tempo em que devemos torcer para que eles percam, devemos torcer por eles. A trama não sabe a que veio.

Mark Ruffalo realmente se esforçando.
Mark Ruffalo desgastado.

Mas analisando com quase nada a mais de atenção fica tudo claro. Os ladrões quase não aparecem e roubam com um cinismo pertubador. O policial tem apenas um objetivo, capturar criminosos. A manipulação do filme parece burra.
Quando tudo é óbvio, é preciso haver um final surpreendente. O filme consegue isso. Como? Colocando uma reviravolta que não faz sentido. O roteiro constrói momentos que impossibilitam uma coisa. Quando chega no final, eis a reviravolta. Aquilo que era impossível por causa de toda a trama, é a verdade. E dane-se quem tentar explicar os buracos que ficaram para trás.
O diretor Louis Leterrier conduz a história em ritmo de videoclipe. Praticamente não existe construção de cenas. É apenas uma porrada de cortes rápidos, diálogos sarcásticos engraçadinhos e câmeras mexendo de um lado pro outro.
Cria um ritmo acelerado que serve para deixar o espectador confuso. Mas não funciona. Basta pensar um pouco para ver todos os erros dos personagens e saber exatamente o que está acontecendo. Sem contar que confundir o espectador acelerando o filme é uma opção bastante cafajeste por parte de um contador de histórias.
Isla Fisher. Sua ruivice é a única coisa boa do filme.
Isla Fisher. Sua ruivice é a melhor coisa do filme.

O filme chama a atenção pelo elenco reunido. Os quatro ilusionistas são interpretados por subcelebridades. O Michael Cera oscarizável, Jesse Eisenberg. A esposa do Borat, Isla Fisher (ruiva linda de morrer). O irmão do James Franco, Dave. E o eterno coadjuvante, Woody Harrelson. O Mark Ruffalo é sempre bom, mesmo com o fraquíssimo personagem que tem em mãos. A Melanie Laurent sustenta sua personagem sem graça sem muito esforço. Mas a tristeza é ver o Morgan Freeman e o Michael Caine subutilizados em dois papéis idiotas.
O filme é tão ruim que o Morgan Freeman dormiu durante uma entrevista enquanto o Michael Caine fala do quanto as mágicas da trama são grandiosas.
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Eu nem precisava escrever a crítica, basta olhar para o lendário ator dormindo para ter uma ideia do que esperar desse filme.
 
GERÔNIMOOOOOOO…

1 comentário em “Truque de Mestre

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