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Terra para Echo

telefone

O gênero de fantasia infanto-juvenil sofreu uma baixa depois da inventiva década de 1980. Principalmente depois que Steven Spielberg parou de trabalhar com o estilo. Ele ainda produziu Transformers (só o primeiro representou) e Super 8, mas não garante uma safra fresca para os amantes do estilo. Por isso mesmo Terra para Echo é tão benvindo.

Alex, Tuck e Munch são três pré-adolescentes que vivem em uma área suburbana comprada para a construção de uma rodovia. Na última noite antes da separação do trio, escapam durante a noite para investigar pistas acerca de uma interferência nos celulares locais. A brincadeira vira um jogo de caça ao tesouro, no qual vão esbarrar com a colega de escola, Ella, e com outras pessoas atrás das mesmas pistas.

O filme é uma aventura fantástica com protagonistas que se encontram naquela fase mágica em que o pensamento se transforma. Ainda são jovens, ingênuos e brincalhões, mas descobrem vontades diferentes e um senso de responsabilidade que também os faz ser rebeldes. O objetivo na narrativa está relacionado a um evento fantasioso e de grande escala, mas este serve apenas como gancho para refletir os raciocínios conflituosos do período. Para buscar originalidade, Terra para Echo tenta contar a história com o estilo de câmera diegética que se tornou comum desde A Bruxa de Blair.

E erra justamente nisso.

earth-to-echo-movie-images-photos-0302091036Estilo de filmagem não funciona.

Narrativa cinematográfica normalmente requer uma ambientação para a história na qual os personagens, perigos e história são apresentados. Neste estilo, esta parte sempre sofre. Os protagonistas se filmam e rapidamente apresentam os amigos em um vídeo sem lógica e fora de contexto. Disso surgem situações absurdas para introduzir Ella, que não é amiga deles à princípio. Quando a ação começa, não faz sentido aqueles garotos continuarem com as filmagens ao invés de apenas correr. Câmera na mão não é mais original e já se provou que não se adequa ao cinema.

O roteiro, por outro lado, é bastante bom. A corrida dos meninos em busca do mistério é uma analogia à ideia de envelhecer e amadurecimento. Principalmente para o protagonista, Alex. Ele é um órfão adotado e a ideia de ter que mudar da cidade onde se estabilizou é mais pesada porque ele sempre foi abandonado enquanto crescia. Para representar o grupo de crianças, o texto equilibra bem aquelas pequenas maldades confundidas com brincadeiras de adolescentes. Eles não fazem por mal, só não sabem que é maldoso. Quando aprendem com os erros passam por um misto de vergonha e rebeldia típico de quem tem a idade e não sabe exatamente quem é. Parece bobo, mas é envolvente porque reflete algo que todas as pessoas conhecem.

ECHOCrianças carismáticas e envolventes.

A trama tem problemas em pequenas reviravoltas que são absurdas, mas convenientes para que coisas aconteçam, como a entrada da menina na busca. Mais para a frente, o roteiro explica porque foi necessário ir para a casa dela e a explicação é tão vazia de sentido que torna óbvio que era apenas um subterfúgio para que um romance fizesse parte da produção.

Não chega perto do nível de sensibilidade e sutileza de Super 8, mas é bem feito e funciona bem como obra menor de um estilo que está esquecido. Depois de ser um fracasso nos Estados Unidos, foi lançado direto na Netflix por aqui. Recomendo para quem sente falta do subgênero ou quem quer apenas um filme rápido em uma tarde vazia.

 

ALLONS-YYYYYYYY…

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