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Star Trek: Sem Fronteiras (Star Trek: Beyond – 2016)

Kirk perturbado

2016 marca o 50º aniversário da marca Jornada nas Estrelas. O que era uma série de baixa renda e sem sucesso, virou um objeto de adoração com mais de cinco versões para a TV, com direito até a desenhos animados. Convenções ao redor do mundo, discussões sobre o valor da ficção-científica e um ator que entrou para a história como um caso típico de personagem que se tornou maior que a pessoa real. Tudo isso pode ser comentado quando se fala deste novo Star Trek: Sem Fronteiras.

Este, que é o décimo terceiro filme da franquia continua a nova roupagem da tripulação clássica após os eventos com alteração temporal e buracos negros do filme de 2009. Agora, a Enterprise se encontra no terceiro ano da missão de cinco para descobrir novos mundos e civilizações. E o cansaço abate o capitão Kirk (Chris Pine). Com dúvidas sobre o propósito da expedição, ele é mandado para dentro de uma nebulosa, onde deve responder a um pedido de socorro. Ele e a tripulação são surpreendidos por tecnologias desconhecidos e derrubados em um planeta não cartografado.

Muito foi dito sobre os filmes Star Trek. As produções com o nome em inglês são uma aceitação de que se trata de uma versão diferentes, ainda que parecida, de Jornada nas Estrelas. Os fãs radicais reclamam do clima de aventura e ação. Os mais novos se divertem, mas não compreendem as discussões mais filosóficas da marca. Agora, na segunda continuação e com outro diretor, é preciso mostrar que eles funcionam além de ideias de origem inteligentes.

Simon Pegg, Sofia Boutella e Chris Pine
Elenco retorna com nova integrante.

Para tentar dar um estilo novo (outra vez), o roteiro foi passado para o próprio intérprete do engenheiro Scotty, Simon Pegg, em parceria com Doug Jung e a direção caiu nas mãos de Justin Lin, responsável por transformar Velozes e Furiosos em filmes de ação e espionagem descerebrados. O grupo precisava dar uma continuidade válida para o que foi construído anteriormente e ainda ser bom com a voz deles.

É muito curioso como eles não conseguem e conseguem. A estratégia para o texto é dar um mínimo de conflito para os personagens e desenvolver o mesmo com um reflexo nos vilões. Não é novidade e funciona muito bem. A trilogia Kung Fu Panda é uma prova disso. O problema é que o filme se rende a isso. A cena de abertura se aprofunda no questionamento de Kirk. Começa a aventura e a ação e não se fala mais nisso. O filme se foca única e exclusivamente na ação e no suspense até o clímax, quando se revela a motivação real do vilão. Então o fechamento da produção mostra uma cena rápida com a decisão final do protagonista.

O enredo do herói é tão vazio e sem graça que o que realmente marca no filme é a trama paralela entre o Magro (Karl Urban) e o Spock (Zachary Quinto) e a personagem nova, Jaylah (Sofia Boutella). Essas duas histórias são desenvolvidas em duas ou três cenas, mas como elas ocorrem no verdadeiro conflito do roteiro, são mais aprofundadas no filme como um todo.

STAR TREK BEYOND
Spock e Magro. Trama fraca rouba acidentalmente o protagonismo do filme.

Quanto a Justin Lin no comando geral, é uma surpresa bem vinda. Como o roteiro se foca quase que exclusivamente na ação e na aventura, o diretor faz um bom trabalho. Sabe dar espaço para as reações dos personagens quando os momentos exigem tensão. A escala da violência não atrapalha que ele consiga dar compreensão espacial. Ele não filma bem cenas de luta porque coloca a câmera próxima demais, o que impede a compreensão dos golpes. No geral funciona bem porque dá um bom ritmo para a sessão, o que é uma das melhores coisas que poderiam ser feitas com este roteiro.

Os atores assumiram bem os papéis que foram confiados a eles quase dez anos atrás. Não há surpresa nas interpretações de Chris Pine, Zachary Quinto, Karl Urban, Zoe Saldana, Anton Yelchin, John Cho e Simon Pegg. As novidades ficam por conta do Idris Elba, que faz do vilão um monstro que parece desconfortável na própria pele (o que faz sentido no final do filme), e com a Sofia Boutella, que faz bem uma personagem vulnerável e forte ao mesmo tempo. Nenhum dos dois tem muito a desenvolver com o que o roteiro dá para eles.

O resultado final é positivo. O roteiro tem profundidade e desenvolve bem suspense, ação e tensão, mas nada é destacável. A direção é correta exatamente para fazer com que essas qualidades ganhem mais valor. Os atores estão bem, mas não fazem com que nada seja melhor. Positivo é bom, mas não é suficiente para dar vontade de recomendar.

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