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Sob o Mesmo Céu

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Chega um novo filme do diretor Cameron Crowe. O que deveria ser um evento na indústria virou algo comparável ao cinema do Woody Allen. Um grande diretor que sempre faz as mesmas comédias. Elas têm algo a dizer, mas nunca são mais do que o mínimo obrigatório. E sempre com um elenco de grandes e brilhantes atores.

Brian Gilcrest (Bradley Cooper) é um ex-militar que quase morreu em uma operação mercenária. Uma chance de reiniciar a carreira na aeronáutica aparece quando o milionário Carson Welch (Bill Murray) faz uma parceria com os militares para lançar um satélite e faz questão da presença de Gilcrest. Para isso ele precisa voltar para o Havaí, onde cresceu, para negociar terrenos com os locais separatistas e esperar o momento do lançamento. Volta a conviver com a ex-namorada Tracy (Rachel McAdams), que se casou com o militar bem sucedido Woody (John Krasinski) e passa a ser supervisionado pela tenente Alisson Ng (Emma Stone), que é uma piloto brilhante e carismática. Ao mesmo tempo, os conhecidos do exército, General Dixon (Alec Baldwin) e Coronel Fingers (Danny McBride) não o deixam esquecer como a missão é importante e ele é um fracasso na organização.

É uma confusão gigante e desnecessária de tramas. Principalmente quando se leva em conta que o filme é uma comédia romântica. Quem conhece a obra do diretor e roteirista Cameron Crowe já viu coisas parecidas antes. Homem sofre uma perda pessoal grande em diversos níveis e, na busca pela reinvenção, descobre no amor como crescer. Acontece o mesmo em Jerry Maguire, Tudo Acontece em Elizabethtown e Compramos um Zoológico. Os contextos são sempre diferentes, mas a história é, para todos os propósitos, a mesma.

Aloha 09Alec Baldwin. Chefe mais uma vez em filme de Crowe.

O humor e o tom típicos de Crowe se repetem aqui. As personagens femininas são iguais às fantasias de namoradas belas, compreensivas e sonhadoras dos outros filmes. Até o chefe desiludido é interpretado pelo mesmo Alec Baldwin de Elizabethtown. A única grande diferença é o protagonista. Se Jerry Maguire estava decepcionado com a indústria e o carinha de Elizabethtown errou em um design, Brian Gilcrest é um cara legal que também é criminoso. A falha na carreira se deu por conta de uma traição com venda de armas. Por isso mesmo, a redenção é maior. Os outros protagonistas procuravam aprovação, Gilcrest quer se tornar bom.

As forças do filme residem no ótimo elenco, na direção segura de Crowe e na comédia. Pequenas sacadas sobre as incoerências nas interações de pessoas que não se entendem geram cenas brilhantes, como o diálogo sem falas entre Brian e Woody ou as pequenas trocas de olhares do casal protagonista. Por outro lado, o excesso de tramas deixa o filme confuso. A história de Brian com a ex-namorada fica ofuscada pela escala do enredo bélico. Este é tão complicado que nunca fica claro quem é o vilão até que este se apresente no final.

billohaBill Murray. Adorável a toda prova.

Cooper é ótimo e domina o ritmo descompromissado de Crowe com desenvoltura. A Emma Stone é perfeita para personagens adoráveis como a tenente Ng, mas o papel não passar de uma fantasia masculina incomoda muito. O Bill Murray ilumina qualquer coisa da qual faz parte, mesmo num papel pequeno como este. A Rachel McAdams é boa atriz, mas não acrescenta a mais uma fantasia de ideal de mulher. O John Krasinski está hilário como o silencioso e carrancudo Woody. Diz muito com poucas falas. Alec Baldwin e Danny McBride merecem papéis maiores que as pequenas pontas.

É difícil sair satisfeito ao término de Sob o Mesmo Céu quando se é fã do Cameron Crowe. Poucas coisas são mais tristes para um artista que se tornar a repetição de si mesmo. Não é à toa que Quase Famosos é o melhor filme dele. É o mais diferente. Na dúvida sobre assistir a Sob o Mesmo Céu, vá ao cinema apenas se não tiver visto Jerry Maguire, Elizabethtown e Compramos um Zoológico. Se tiver, você já viu o filme.

 

FANTASTIC…

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