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Riddick 3

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David Twohy conseguiu realizar algo interessante. Dez anos atrás lançou seu modesto terror espacial e ficou surpreso com o sucesso inesperado. Eclipse Mortal foi muito bem criticado e deu bastante dinheiro. Também foi importante para a fama de Vin Diesel graças ao personagem Riddick. Tanto o ator quanto o diretor são apaixonados pelo que criaram e só por isso ainda investem na franquia.

Após tornar-se líder dos Necromungers, Riddick se recusa a fazer o juramento religioso do grupo e é traído por seu seguidores. Abandonado para morrer em um planeta desconhecido, ele descobre um fenômeno natural daquele mundo que pode acabar com sua vida.

Ou seja, logo de cara, Riddick 3 joga fora tudo o que aconteceu no segundo filme da trilogia. Com uma aparição curta e ridícula do Karl Urban. Quinze minutos de filme e tudo o que aconteceu antes é esquecido. Twohy parece estar tão ansioso para se livrar do fracasso do segundo filme que não percebe o potencial de contar histórias do Riddick rei.

Digo isso porque o personagem é uma espécie de Conan espacial. Ele começou apenas como um prisioneiro fodão e foi aos poucos se tornando popular e interessante o bastante para ser o que virou. Twohy criou uma mitologia interessante o bastante para sustentar algo do tipo, mas infelizmente não é um realizador eficiente para fazê-lo.

Este terceiro filme coloca o próprio personagem descrevendo as intenções do diretor. “Cometi o pior dos pecados. Fiquei civilizado.” e “Está na hora de encontrar o animal interior.” São os argumentos para que o personagem se afaste da segunda parte. Logo mais chegam mercenários tentando capturá-lo, eles se unem para lidar com as criaturas que residem no planeta e o filme vira uma cópia descarada do primeiro. Com direito a um personagem referencial.

Twohy cria um prólogo interessante com o personagem aprendendo a se virar sozinho no planeta deserto. Mas nota-se rápido sua inabilidade quando ele resume a traição dos Necromungers em uma cena de ação terrivelmente mal feita e mal dirigida. Quando os mercenários aparecem, são liderados por um personagem com falas idiotas interpretado por um ator tão ruim que você quer que ele morra sem conhecer suas motivações.

Porém, o personagem é usado no roteiro como meio de demonstrar o quanto o verdadeiro perseguidor de Riddick é perigoso e inteligente. Uma solução interessante. Twohy mistura falas legais com outras idiotas. Quando proferidas por atores ruins dói no ouvido. Mas quando saem das bocas da Katee Sackhoff ou do Vin Diesel são divertidas.

Então chega o terceiro ato, no qual Riddick e seus perseguidores precisam se unir para sair do planeta e fugir das novas criaturas assustadoras. Mas os bichos não são coerentes e Twohy fica tentando criar momentos que exaltem o protagonista que são ridículos. A primeira criatura que Riddick enfrenta quase o mata diversas vezes sozinha.

Quando chega no final e tem centenas delas, ele começa a matar cada uma com uma facilidade absurda. Elas só o ferem quando é conveniente para tentar criar algum tipo de dramaticidade. Mas o diretor é tão ruim que todas as cenas parecem falsas. Como uma em que Riddick faz uma pirueta com uma moto para matar dois dos animais com estilo. Parece filme feito direto para home video de tão mal feito.

O que salva é o próprio personagem, que continua interessante após tantos erros. Apesar de ser péssimo diretor, Twohy ainda sabe escrever bem. A graça do filme fica em vê-lo aprender a ser o animal solitário no planeta misterioso e depois assistir enquanto ele mata os mercenários como se fosse um monstro. O que gera momentos maravilhosos e outros sem sentido.

Os efeitos digitais são muito bons aqui e ali, mas a interação com os atores reais revela a falsidade. O que é bem chato considerando o design divertido e original de Patrick Tatopoulos. O designer de produção cria um mundo visual bem rico e que enche os olhos.

Outra coisa legal é ver o Vin Diesel atuando bem. Ele foi feito para o personagem. A Katee Sackhoff o acompanha muito bem. A eterna Starbuck de Battlestar Gallactica nunca esteve tão deliciosa e é uma das poucas pessoas no filme que consegue sustentar suas falas. Inclusive, a melhor de toda a produção é dela.

Ai, ai, Katee...
Ai, ai, Katee…

No final, fica a tristeza de ver um bom personagem e boas ideias desperdiçados. Riddick 3 poderia ser épico, mas não passa de um filme que vai (merecidamente) passar desapercebido.

 

GERÔNIMOOOOOOO…

1 comentário em “Riddick 3

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