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Por um Punhado de Dólares

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Na Itália da década de 1960, o diretor Sergio Leone estava começando a carreira e era um grande fã de faroestes. Então juntou um compositor que havia feito músicas para alguns filmes, conseguiu um ator menor americano e fez um faroeste no estilo italiano. Pessoas sujas, enquadramentos grandiosos e uma linguagem pessoal única. Teve início a trilogia dos dólares.

Joe (Eastwood) chega na cidade de San Miguel, na fronteira entre os Estados Unidos e o México. A cidade é dividida entre duas gangues de traficantes. De um lado os Rojos vendem álcool, do outro os Baxters vendem armas. Joe vê na guerra das duas famílias a oportunidade para ganhar dinheiro e percebe na moça Marisol, dona das atenções do líder dos Rojos, um perigo iminente.
Esse é o começo do chamado Western Spaghetti. Com o estilo mais visceral dos italianos, o velho oeste é muito mais perigoso, extremo e dramático. Leone faz uma analogia sobre as diferenças entre os países que dividem espaço em San Miguel, sobre como o dinheiro é a base para os conflitos e, acima de tudo, sobre o que ele representa como ideal masculino.
Joe brinca com as duas gangues em guerra. Faz um trabalho para uma e ganha um tanto de dinheiro, faz um trabalho para a outra e ganha outro tanto de dinheiro. É de seu interesse manter o conflito vivo para conseguir tirar cada vez mais dinheiro. O roteiro usa um trabalho de Joe para apresentar as habilidades do protagonista, na contextualização pro próximo trabalho, apresenta as habilidades do vilão. A cada trabalho, uma reviravolta importante. Nada que acontece na trama é por acaso.
Leone faz seu trabalho habitual com pouco dinheiro. O cenário é uma cidade minúscula, mas o diretor tira dela enquadramentos poderosos e conta a história com inventividade. Essa é a sacada de Leone. Ele se importa em fazer cinematografia inteligente, mas a usa para entreter e conduzir a história. O filme fica atraente para quem procura mais profundidade e para quem só quer se divertir com uma história bem contada.

fistful03Câmera no chão para revelar Joe como o grande herói que ele é.

Como na maioria dos faroestes, Por um Punhado de Dólares é sobre um duelo final. Apesar de suas ações questionáveis, eventualmente o filme demonstra que Joe é um cara legal e que Ramón, o líder dos Rojos, é ainda pior que os outros bandidos comuns da cidade. A trama constrói para que o espectador torça para Joe no confronto final e para que os dois se odeiem profundamente.
O compositor Ennio Morricone fez uma de suas famosas trilhas musicais de faroestes. Com pouco dinheiro, usa de assobios e instrumentos de cordas para criar o lendário tema do filme. É de arrepiar. Ouça a música abaixo.[youtube=https://www.youtube.com/watch?v=CpZjvbSC9_M]
Clint Eastwood era um rosto desconhecido de seriados de TV pequenos. Ele aceitou ir para a Espanha para fazer um filme em italiano e criou o estereótipo do homem sem nome que chega nas cidades com muita honra e violência. Mesmo que o personagem aqui tenha nome, Joe preenche os requisitos do estilo e Eastwood solta suas frases de efeito com um desdém de alguém que sabe mais do que todos ao seu redor. Todo o resto fica em segundo plano em comparação.
O faroeste é meu gênero favorito principalmente por causa do western spaguetti. Não escondo que Era uma Vez no Oeste é meu filme preferido e quanto mais desses filmes melhor. Além destes também recomendo A Morte Anda a Cavalo, que assisti na Mostra Mondo Tarantino.
 
GERÔNIMOOOOOOOO…

1 comentário em “Por um Punhado de Dólares

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