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Pai em Dose Dupla 2 (Daddy’s Home 2 – 2017)

DADDY'S HOME 2

Alguém lembra daquela comédia fraca feita para a família que estreou por aqui ano passado, Pai em Dose Dupla? Aparentemente foi um sucesso, porque a continuação está aí, com direito a expansão do elenco, o que indica também mais dinheiro. Agora os pais dos protagonistas também entram em cena para provocar atrito nas famílias.

Especialmente porque Brad (Will Ferrell) e Dusty (Mark Wahlberg) agora são bons amigos e aprenderam a conviver enquanto dividem as responsabilidades de pais. O primeiro como padrasto dos filhos do segundo. Na tentativa de criar uma celebração de natal mais unida para as crianças, eles fazem uma comemoração única, mas os pais dos dois vem para as festas e tudo fica em perigo.

Você já viu este filme. Comédia com mensagem bonita para as famílias tradicionais embasada em mal entendidos entre os personagens que têm muitos conflitos de relacionamentos pessoais. Ainda tem o clichê de filmes natalinos para somar à mistura.

Ferrell e Wahlberg com roupas natalinas
Wahlberg e Ferrell se tornam amigos. Protagonismo dos dois muda o ritmo do filme.

Apesar disso tudo e de ainda manter a mesma equipe de roteiristas John Morris, Brian Burns e Sean Anders (este último também diretor dos dois filmes), a continuação consegue se afastar do original exatamente no que aquele tinha de mais fraco. Porque no primeiro, tanto Brad quanto Dusty se tornam antipáticos para o espectador enquanto brigam entre si. Como os dois se unem pelo bem das famílias no segundo, se tornam mais simpáticos.

O que reforça a grande qualidade destes filmes, o ótimo trabalho de Ferrell como comediante. Dono de uma capacidade impressionante de interpretar adultos ingênuos, fazer com que o humor surja da diferença entre ele e o jeito bronco de Wahlberg torna a comédia realmente engraçada. Ele força Dusty a vestir roupas natalinas (vide a imagem acima) e a dividir obrigações que o deixam sem graça, como discutir sexualidade com as crianças.

Por outro lado, o aumento de personagens cria tramas em excesso. O filho mais velho está apaixonado. A esposa de Brad não consegue lidar com a esposa de Dusty. Don (Jon Lithgow), o pai de Brad, esconde algum problema de casamento. Kurt (Mel Gibson), pai de Dusty, tenta sabotar o acordo arranjado entre as famílias.

Lithgow e Ferrell em cena
Lithgow e Ferrell. Os únicos atores que vendem a bobagem do filme.

Com tantas histórias, é fácil perder o foco e deixar de se importar com grande parte delas. Algumas se sobressaem, como a do garoto apaixonado, que gera mais conflito entre os adultos. Enquanto outras apenas tornam o ritmo mais arrastado, como as mães que não se entendem por não conversarem.

Onde o filme realmente ganha é com a presença de Jon Lithgow. Não apenas um comediante veterano extraordinário, mas um grande ator, ele consegue dar para Don a mesma inocência de Brad sem parecer absurdo. Além disso, dá dignidade para a pequena tragédia pela qual o personagem passa mesmo com diálogos tão mal escritos. Gibson e Wahlberg, por outro lado, não sustentam falas estúpidas como no momento em que discutem porque não são pai e filho próximos.

Não tem nada de novo aqui. Nem como comédia familiar, como filme natalino ou como continuação. Mas a sessão garante alguma diversão com a comédia, que funciona melhor graças ao desenvolvimento dos personagens em comparação com o original. Quem diria que a sequência de uma comédia inexpressiva seria melhor e ainda garantiria alguma diversão?

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