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O Preço da Verdade (Dark Waters – 2019)

Muitas pessoas podem não lembrar dos avisos sobre a toxicidade do teflon dos últimos dez anos. O material ainda é presença obrigatória na vida de pessoas em todo o mundo, inclusive em panelas. Mesmo que ele solte para os alimentos quanto aquecido. A história por trás do material é tão dramática quanto os fatos ligados a ele. Mas como fazer jus e não se perder em uma produção panfletária?

Para quem não conhece, os dados sobre o teflon vieram à tona porque o advogado Rob Billot (Mark Ruffalo) assumiu uma causa comunitária na gigante de advocacia em que trabalhava. Ele queria mostrar que os animais de um fazendeiro não estavam morrendo devido a contaminação de uma empresa de produtos químicos. No sentido contrário, encontrou justamente o material tóxico nas casas de quase todas as pessoas do mundo.

Então o espectador acompanha Billot por 13 anos, a partir do dia em que é procurado pelo fazendeiro. O longo processo envolve investigações, manobras empresariais, sacrifícios pessoais, e as perdas do protagonista devido ao caso. Por que ao enfrentar uma gigante industrial, ele precisou enfrentar mil e uma formas pelas quais o sistema burla regras para aumentar lucros.

Billot tenta ajudar fazendeiro com gado doente.

Há muitas formas de focar a história. Nas pessoas que se ferem com as ações da empresa. Na família de Billot, no suspense judicial, na investigação. E a escolha do diretor Todd Haynes e dos roteiristas Mario Correa e Matthew Michael Carnahan é seguir todas essas opções. Lentamente, eles mudam de situações do caso para situação do caso. Primeiro em como o caso afeta a vida no trabalho de Billot. Depois no drama de quem morre e vê entes queridos morrerem. E, na última hora de filme, em como Billot tem problemas de saúde e no casamento devido ao trabalho contra a empresa.

O que gera um problema de ritmo que torna o filme cansativo. Especialmente na última hora, quando o advogado passa por inúmeras cenas que têm o mesmo propósito: passar a sensação de culpa que ele sente. E nem mesmo a habilidade de Haynes na direção consegue dar senso mais gostoso ao desenvolvimento da história.

Ele dá peso às cenas com sobreposições. Em um dos momentos mais efetivos, Haynes demonstra que Billot entendeu o perigo do teflon com o desespero do personagem enquanto ele lê documentos. Depois ele mistura as cenas em que ele conta as descobertas para a esposa e para o chefe com imagens de arquivo. Dá um ritmo bom para a exposição.

Com a esposa. Cobrança e apoio.

O diretor de fotografia Edward Lachman usa de película com muito granulado e pouca saturação para dar a impressão de imagens caseiras e de que o ar é poluído o tempo inteiro. Os tons principais são cinza e amarelado. A impressão é de que a causa é praticamente perdida, porque a sujeira já está distribuída pelo mundo.

Como muitas boas histórias, tem força e importância. Infelizmente, faltou um condução mais cuidadosa e concentrada. Por isso, faz com que o espectador se canse aos poucos de um filme que deveria abrir os olhos dele para o perigo ao qual é imposto diariamente.

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