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O Homem da Máfia.

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É com prazer que venho falar a vocês de O Homem da Máfia. Via pessoas falando do filme, mas não criei coragem de ir atrás de trailers e imagens. A única coisa que sabia é que fala sobre a máfia e que tinha o Brad Pitt. Mais nada. Uma semana antes da estreia, fui verificando o feedback positivo por parte da crítica especializada. Então não pude me conter e assisti o filme. Felizmente.

A história de O Homem da Máfia é extremamente simples. Três bandidos menores se unem para aplicar um golpe na máfia local. A máfia chama um matador de aluguel para lidar com a situação e o filme inteiro é basicamente isso. Simples desse jeito.
Ainda assim, é um dos filmes mais inteligentes do ano. Uma crítica ferrenha aos Estados Unidos como um todo. Por todo o filme o diretor Andrew Dominik coloca trechos de entrevistas e debates relacionados à política do país e à sua recente crise financeira. Sempre de uma forma ácida, relacionada ao que acontece com algum personagem no filme.
A minha favorita é uma na qual o personagem de Pitt, Jackie, contrata um cara perdido para auxília-lo numa execução dentro de uma lanchonete. Eles repassam o plano e Jackie deixa o pagamento do lanche na mesa. O seu capanga pega o dinheiro escondido quando ele se vira. Jackie o recrimina e o obriga a deixar o dinheiro de volta na mesa. Logo em sequência o áudio ecoa um discurso sobre como o trabalhador menor dos Estados Unidos é eficiente, honesto e inteligente. Uma comparação dolorosa e ácida.
O filme vai comparando o mercado financeiro do país à máfia, deliberadamente destruindo os seus trabalhadores menores para garantir estabilidade para seus integrantes mais ricos e influentes. E não se prmite ficar repetitivo. Começa parecendo um filme de terror, mostrando uma rua abandonada, cheia de sujeira e destroços com uma trilha assustadora e fotografia cinza. Mas faz isso para mostrar a realidade de dois homens que acabaram de sair da prisão. Um em condicional explicando, através de piada, uma situação impossível na qual o estado o deixou. O outro um imigrante que vive igual um mendigo. Aos poucos somos convencidos de que esses dois não possuem escolha a não ser viver do crime. Mesmo que o filme deixe claro que suas ações trarão morte, seja a deles ou a de outra pessoa.
Eles são debilitados, só querem um relacionamento e condições para viver. E são tristes por isso. Depois cortamos para os diálogos de Jackie com o personagem incognito de Richard Jenkins, sempre bem. Os dois parecem dois empresários buscando uma solução para uma quebra na empresa. Na verdade são dois mafiosos tentando resolver se matam ou espancam um homem que pode ou não ter roubado os carteados.
Pouco a pouco o filme vai fazendo referências à própria crise econômica pela qual o país vem passando. Um homem grande da máfia se perde na bebida e se torna ineficiente, outros precisam ser mortos pois se tornam perigosos para a organização. Tal qual as grandes empresas e o próprio governo estadunidense vêm fazendo com as pessoas menores.
Além disso, Dominik, que dirigiu Pitt anteriormente em O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford, usa de diálogos inteligentes e divertidos. Através deles, mostra como cada um daqueles homens é mais uma pessoa comum. Falando sobre seus problemas, seus erros, suas espectativas, contando piadas.
Mas não é um filme fácil. Devo ter visto umas quinze pessoas saindo da sessão. Provavelmente por causa da violência (um determinado espancamento é de fazer chorar), do nível dos diálogos (dois personagens discutem sobre comportamento feminino em relação ao sexo de forma extremamente explícita) e da moralidade dúbia dos personagens.
Ao fim, não há grandes reviravoltas, a história é simples. Mas é contada com tanta genialidade que o suspense se mantém do começo ao fim e prende o espectador. Facilmente um dos melhores filmes do ano.

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O Brad, num dos meus momentos favoritos do filme.

Só vale lembrar a péssima tradução do título. Numa tradução ao pé da letra, Killing them Softly pode ser lido Matando-os Suavemente. O que seria muito mais apropriado que apenas O Homem da Máfia.
GERÔNIMOOOOOO…

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