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O Exótico Hotel Marigold 2

Crítica por Jade Abreu.

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O filme é uma continuação do primeiro. Porém, apesar de o “original” ter levantado alguns pontos interessantes, como a sensação de abandono e os conflitos da idade, o segundo deixa esses quesitos de lado. A continuação nem coloca mais os turistas ingleses como os protagonistas, mas o jovem indiano Sonny Kapoor, Dev Patel (Quem Quer Ser um Milionário), no posto.

Dev Patel é um grande ator. Ele traz humor às cenas, mas não é o charme do filme. Logo no início, o jovem está na Califórnia querendo que empresários invistam capital no sonho de reformar e ampliar o Hotel Marigold. Mas a tentativa só não é um completo desastre porque, a antes frequentadora e agora gerente, Muriel Donnely (Maggie Smith) salva o investimento ao demonstrar que conhece sobre requintes e hospedagem.

Kapoor, contudo, continua a enfiar os pés pelas mãos. Não colabora com a festa de noivado, decepciona a noiva e a família dela. Ainda tenta empurrar o Richard Gere para a mãe quando supõe que o antigo galã seria o consultor enviado pela empresa. Com finais mais do que previsíveis e sem a emoção inicial, o filme perdeu as oportunidades de reajustar os erros do primeiro.

Vale lembrar que O Exótico Hotel Marigold, estreado em 2011, revolucionou visões no cinema americano. O filme, ao escalar protagonistas mais velhos, chamou atenção também de espectadores que acompanharam a carreira desses atores. O perfil de pessoas que têm dinheiro, poucas responsabilidades – os filhos, em geral, já estão crescidos – lotaram as salas de cinema. Essas características foram algumas das responsáveis pelo grande faturamento do filme.

marigold-hotel7_3186568kDev Patel assume o cargo de protagonista.

A continuação, infelizmente, também ignorou alguns pontos que podiam identificar o espectador à história. Os novos personagens foram vistos como caricatos, que arranjam empecilhos para a felicidade e sem objetivos claros. Eles perderam as características de desbravar, de se entregar. Haja vista Evelyn, a personagem de Judi Dench, que antes escrevia um blog e transformava em um diário virtual a estada no hotel. Ela perdeu esse hábito. No máximo escreve um discurso.

O mais próximo de um narrador para o filme é a sra. Donnely escrever uma carta no final com comentários bonitos e emocionantes. Ao invés de cobrir lacunas, a produção estendeu o espaço raso das personagens. Eles perderam as características e até mesmo as dúvidas que antes tinham sobressaído à história.

O filme também apresentou uma mudança de cores em cena da primeira versão para a segunda. No primeiro caso, as cores são mais sombrias e melancólicas, o que pode inferir pelo local ser visto como um retiro pobre às pessoas idosas. Quando aparecem cores alegres, estão sempre ligadas ao caos indiano que fez questão de ressaltar.

1426005053-richard-gere-the-second-best-exotic-marigold-hotelRichard Gere é a novidade no elenco.

Já no segundo, a película é toda com cores alegres para mostrar como a vida é feliz. O caos e o trânsito na Índia nem são um empecilho. Inclusive é possível se encontrar e conversar amigavelmente no meio da rua. Também é fácil esbarrar com outros personagens na calçada. O fato de a Índia ser o segundo país mais populoso, com quase um bilhão de pessoas não atrapalha em nada os encontros casuais.

É triste ver um filme que tinha tudo para levantar questões críticas não o fez. Ficou na superficialidade, na zona de conforto. O mais estranho é que esse filme só ganhou uma continuação porque no momento inicial ousou. Uma pena que essa ousadia tenha ficado restrita à primeira intenção. É divertido e de certa forma, até mesmo, animador. Sem problemas claros e só alegria. Se for para envelhecer, espero que seja nesse mundo da fantasia fabricado por Hollywood.

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