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O Cavaleiro Solitário

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Existem cinco nomes em Hollywood que quando se reúnem me deixam dividido. Eles fizeram um dos melhores filmes de aventura da década passada, depois duas continuações ruins e desnecessárias. Cada um foi pra um lado diferente fazer as suas besteiras separados. E agora voltaram. Gore Verbinski (diretor), Jerry Bruckeheimer (produtor), Johnny Depp (ator), Ted Elliot e Terry Rossio (roteiristas) fazem uma nova adaptação para os cinemas.

O clássico personagem Cavaleiro Solitário ganha os cinemas. A origem é relativamente similar às do rádio. O personagem continua cavalgando para encontrar os assassinos de seus companheiros rangers, o seu sobrinho continua sendo o garoto Danny Reid, ele continua atirando nos vilões para desarmar e até a mina de prata existe.
Isso é interessante. Eles conseguiram criar um roteiro que explica todos esses contextos pulp de uma forma mais séria. Ted Elliot e Terry Rossio são roteiristas talentosos, mas sofrem de ter que realizar outra grande produção do senhor Bruckheimer.
Eles criam uma trama com todos os detalhes trabalhados. Mas para apresentar todas essas características da trama eles precisam focar nos dois protagonistas, seus conflitos e ainda dar espaço para grandes cenas de ação mirabolantes. O ritmo vai pro buraco.
Os dois roteiristas fizeram um ótimo e equilibrado trabalho no primeiro Piratas do Caribe. Sem os exageros e efeitos das continuações, o ritmo de aventura funciona lá. Aqui, assim como nas três sequências de Piratas do Caribe, é preciso ter comédia pastelão e ação com efeitos de escopo ridículo.

Silver e Tonto batendo papo.
Silver e Tonto batendo papo.

A comédia não ajuda no desenvolvimento, a história precisa parar para as pouquíssimas cenas de ação que não empolgam por ser plásticas demais. Quando volta a se focar na trama o filme parece que parou. Fica lento e chato. Essa loucura de ritmo se estende por quase duas horas e meia.
Johnny Depp já declarou que está fazendo esse tipo de filme para deixar dinheiro para as filhas. Não é preciso questionar suas escolhas, ele já se explicou o bastante e eu não o julgo por suas motivações. Jerry Bruckheimer gosta de filme assim e filme assim é o que ele faz.
Já o Gore Verbinski é um diretor do qual se espera mais. Apesar de sua carreira passar por vários gêneros em busca de recompensa comercial, ele realizou no meio disso tudo O Sol de Cada Manhã e Rango. Dois ótimos filmes, um que é uma das melhores coisas que o Nicolas Cage já fez (sim, ele consegue fazer bons filmes) e o outro é a animação com uma inteligentíssima homenagem ao velho oeste.
O Cavaleiro Solitário tem seus diversos problemas, mas Verbinski demonstra aqui e ali sua capacidade de direção. Por mais bizarras que sejam, as cenas de ação requerem um talento de orientação grandioso. Além disso, ele sabe usar os quadros para contar a história. Logo no começo demonstra como os trens e os cavalos eram forças contrárias enquadrando características específicas dos dois movendo em sentido contrário. Pequenas coisas que demonstram alguém com talento para contar histórias.
A fotografia e a direção de arte correspondem à incrível qualidade técnica por trás da produção. Não fossem algumas animações de movimento estranhas, os efeitos especiais enganariam qualquer um, tudo parece de verdade. Acabamos por ter cenas muito bonitas ocupando a tela.
Imagens lindas ocupam a tela do começo ao fim.
Imagens lindas ocupam a tela do começo ao fim.

Johnny Depp é o primeiro nome dos créditos, mesmo não sendo o protagonista e fazendo uma versão indígena do Jack Sparrow. Armie Hammer segura as pontas como o herói sem espaço de tela. Tom Wilkinson parece estar fazendo o filme para pagar o aluguel. O Barry Pepper se rebaixou a um coadjuvante de luxo. O brilho fica todo no vilão do William Fichtner. O ator está solto como um canibal pertubador.
Fiquei triste pelo mau uso da atriz Ruth Wilson que fez antes um trabalho espetacular como uma psicopata na série inglesa Luther. Aqui ela é apenas a mocinha que precisa ser salva, sem nenhuma chance de criar nada original e diferente.
Destaque para o trabalho do Hans Zimmer na trilha. Ele pegou os temas clássicos do personagem criados pelo William Tell. A princípio soam ultrapassados, mas o arranjo de Zimmer nas cenas de ação o fazem funcionar de uma maneira impressionante. Eu saí do cinema sem conseguir tirar a música da cabeça. Em um momento espetacular da sessão, um homem bem mais velho (imagino que seja um fã da série antiga) começou a aplaudir animado ao ritmo do tema.
Por sinal, a cena em que o personagem empina o cavalo e grita o bordão clássico é uma das melhores coisas da projeção.
Para quem vai assistir o filme, já vai se preparando. [youtube=https://www.youtube.com/watch?v=Td4RHvyAFsM]
HI-YO SILVER! AWAAAAAAAAAY…

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