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Na sala – 47 Ronins

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Minha segunda ida aos cinemas para assistir 47 Ronins foi uma demonstração clara de que filmes precisam ser super expositivos para que o público médio possa entendê-los. Se um filme explicar sua história através das imagens ou de uma explicação simples as pessoas não vão entender.

SPOILERS DE 47 RONINS

Assisti ao filme pela primeira vez em uma cabine de imprensa, a segunda foi para acompanhar a namorada e um amigo. Em certo ponto do filme, um personagem precisa passar por um julgamento. No final da cena, ele recebe a sentença. “Você está condenado ao seppuku. Morte pelas próprias mãos.” Virei para meu amigo e minha namorada e questionei. “O cara é japonês. Ele sabe o que é seppuku. Era preciso explicar?”

Corte de cena. O personagem que recebeu a sentença conta para seus súditos o que aconteceu. “Recebi a oportunidade de resgatar a honra da família através do seppuku. Morte pelas próprias mãos.” Eu e meus companheiros rimos. O filme estava explicando para o espectador novamente o que é o seppuku e o que iria acontecer logo em seguida.

Na cena do tão explicado seppuku, o personagem ainda se dá ao trabalho de explicar à própria filha o por que de se matar. Na cultura japonesa, o suicídio ritualístico pode ser considerado como uma forma de provar que se tem honra. O filme explicou isso três vezes seguidas antes de mostrar o fato ocorrendo. É explicação demais e só deixou o filme mais longo.

A sessão continuou e o foco da história passa para os súditos do personagem que se matou antes. Eles recebem um aviso, caso busquem a vingança, serão condenados à morte. Ainda assim o grupo passa o resto do filme tentando conquistar a vingança proibida. De dez em dez minutos alguém repete a explicação. “Caso tenhamos sucesso, seremos mortos como criminosos.”

Quando o filme chega ao final, vem a condenação dos personagens. O que fizeram foi um ato criminoso, mas foi feito em nome da honra, por isso terão a chance de morrer através do seppuku. Mais algumas explicações do que diabos é o sepuku e das consequências do que os personagens fizeram se seguem. Eis que vem, então, a última cena. Todos os 47 heróis desfilam com os trajes tradicionais do suicídio.

De repente, atrás de nós, ouvimos uma voz feminina perguntando horrorizada. “Eles vão morrer? Mas por quê?”

Eu, meu amigo e minha namorada tivemos que conter nossas risadas. Aparentemente 47 Ronins não está errado em explicar à exaustão seus contextos. Muito pelo contrário, o erro está em não ter pego na mão de cada um dos seus espectadores e explicado tudo através de desenhos e algumas canções expositivas.

Cheguei a sentir peso na consciência por cada vez em que reclamei de filmes super expositivos. Quando temos pessoas como aquela mulher sentada atrás de mim naquela sessão, precisamos cada vez mais tratar os espectadores de cinema como imbecis babões.

 

ALLONS-YYYYYYYYYY…

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