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Musicais

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Na crítica de Os Miseráveis de ontem, falei da minha relação de amor e ódio com musicais. Também falei das categorias em que divido o estilo. Musicais são complicados. Quando bem realizados são filmes maravilhosos, quando feitos da forma errada são filmes ridículos.

Como disse no texto, existem três tipos de musicais. Os musicais normais, os megalomaníacos e os “musicais”. Todos os tipos tem pelo menos um exemplo ruim, e todos tem algum bom. Alguns são mais raros que outros.
O musical normal é o meu favorito. A música surge em momentos específicos, com espaço para que o filme seja um filme. É o mais comum. Funciona ainda melhor quando a música acrescenta à obra. Chicago faz isso muito bem. As músicas apresentam personagens, contextos e ainda explicam lógicas que talvez não fossem tão fáceis em diálogos. A Disney também possui ótimos músicais que seguem a regra. A música Minha Aldeia em A Bela e a Fera apresenta a personagem, sua vida, suas esperanças, o vilão em sua vida. Basicamente, quando a música termina, temos o primeiro ato do filme quase todo apresentado.
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O musical normal que não funciona é aquele que coloca músicas só pelos números musicais. Cantando na Chuva não é um exemplo desses, mas tem uma cena absurda pela qual o filme ainda recebe críticas hoje. É lindíssima, mas sequer faz sentido dentro da história. A atriz nem tem personagem, ela é listada apenas como dancer, e aparece apenas nessa parte
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O outro tipo é o musical megalomaníaco. Ele é daqueles que não se propõe a ser um filme, mas a ser um espetáculo. Sem motivo ou razão, apenas o é porque pode. Quando funciona tem uma história com mensagem contada através de toda essa maluquice de forma lógica. Na primeira metade de Os Miseráveis funciona, na segunda metade vira bagunça. Os piores exemplos que testemunhei foram Rent e Across the Universe. Com certeza, dois dos piores filmes já feitos. O primeiro foi feito para falar de uma situação política e social. Fala, fala, mas não tem estrutura, a história termina lá pelo meio e fica sem sentido.O segundo é uma viagem de ácido imbecil de duas horas e meia. Deveria ser uma homenagem aos Beatles, mas é apenas enrolação. Além de destruir as músicas da banda.
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Não conheço um fã de Beatles que gosta desse filme.
E tem o terceiro tipo, o “musical”. Assim, entre aspas. Não são realmente musicais. Não são cenas fantásticas, metafóricas. As músicas existem dentro da realidade do filme e fazem sentido. Os dois grandes exemplos são Flashdance e Footloose. Tem cenas musicais, mas são cenas que existem dentro do universo. Não são retratos de imaginação de personagens ou qualquer outra coisa. Quando mal feitos, temos a sombra da câmera cobrindo a dançarina como em diversas partes de Flashdance. Bem feitos temos a clássica cena do Kevin Bacon dançando na fábrica em Footloose.
O estilo que mais odeio é o megalomaníaco. Não são feitos para serem filmes e as pessoas que gostam não o fazem por estarem vendo um filme. Assistem pelas cenas musicais, pelas coreografias, pelas canções e acham as partes com história chatas.
E ai de quem apontar esses defeitos. São os piores tipos de artistas. São artistas porque querem se expressar, mas não tem o que expressar. Cantam, gritam, esperneiam, fazem coisas colossais, mas não se dão ao trabalho de verificar se faz sentido.
São essas as pessoas que pegam obras como um livro clássico, deturpam tudo para encaixar músicas por todos os lados e depois esquecem que existe uma versão original. Victor Hugo nem é mencionado nos créditos de Os Miseráveis. E conheci pessoas que realmente acreditam que quem criou a história de O Fantasma da Ópera foi o Andrew Lloyd Webber, que na verdade só adaptou o livro para a Broadway.
Se isso é arte, então não quero nunca ser um artista.
 
GERÔNIMOOOOOO…

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