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A Maldição da Mansão Bly (2020)

Depois de dois anos do lançamento da minissérie A Maldição da Residência Hill, a continuação espiritual finalmente foi lançada. Substituindo não apenas o imóvel. Ao invés da casa nos Estados Unidos, agora as assombrações são na Inglaterra, na Mansão Bly, que dá nome à minissérie.

Também muda a história. Agora o foco é na tutora Dani Clayton (Victoria Pedretti), que assume a função de cuidar e de ensinar os irmãos Miles (Benjamin Evan Ainsworth) e Flora (Amelie Bea Smith) em uma mansão vitoriana no interior da Inglaterra. Mas, tanto a casa quanto as crianças parecem esconder segredos estranhos.

A intenção é quase a mesma da minissérie anterior. Contar uma história de casa assombrada em uma temporada curta para a Netflix com base na literatura clássica do gênero. Aqui, a fonte principal é A Volta do Parafuso, mas há outros livros e contos do autor Henry James misturados através da narrativa.

Mansão Bly é menos coerente

Fazer uma conexão direta com o show anterior tem vantagens e desvantagens. Porque é um atrativo para o público que já é fã de Residência Hill, mas também força a comparar os programas. Se a qualidade geral é menor, mesmo que ainda seja bom, isso deve ser apontado.

Infelizmente, é o caso aqui. Residência Hill é tão cheio de qualidades que manter o nível já se mostra difícil, mas o criador das duas séries, Mike Flanagan aceitou o desafio. Com o pretexto de usar o estilo de romance gótico vitoriano de Henry James, porém, ele muda a proposta para fazer uma história romântica misturada com trama de fantasma.

mansão bly

É a fonte para a maior parte dos defeitos de Mansão Bly. No original, Flanagan abordava temas como trauma e luto. Aqui, é apenas relacionamentos românticos. O que não é necessariamente ruim. O problema é a abordagem. Principalmente porque, ao contrário de Residência Hill, as tramas paralelas nem sempre acrescentam ao tema central.

Entre os personagens centrais, há dramas sobre solidão, perda, cuidado parental, culpas passadas, traições. O tal do romance que deveria ser o foco, só começa a aparecer lá pelo meio da série. E só vira o tema principal de verdade, no último episódio. Entre as várias histórias secundárias e o conflito principal com os fantasmas, a série se perde do que quer expressar.

Essa sensação atrapalha os três primeiros episódios, que são mais arrastados por nem sequer parecerem que estão contando uma história. E o último, em que a trama dos fantasmas termina, mas há mais uns 40 minutos de epílogo que remetem ao final interminável de O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei.

Há acertos em Mansão Bly

No entanto, quando Flanagan acerta, ele é triunfante. Apesar de ter momentos menos interessantes e de, em muitas partes, não ser nem terror nem romance, o show só se arrasta no último episódio. Até lá, todos os diálogos e todas as cenas não deixam de ser bem escritos e envolventes.

Isso porque Flanagan, junto com os outros realizadores (ele só escreve e dirige o primeiro episódio), faz com que haja algum tipo de conflito em todas as cenas. Mesmo as menos importantes. Até quando Miles quer entender as regras de possessão de corpos durante uma aula sobre a Bíblia há uma tensão, e o que é dito é importante para o que se desenrola na história.

Os personagens também são fundamentais para o envolvimento. Isso porque todos têm problemas bem construídos e amarrados com a trama de assombração. Assim, é fácil simpatizar com eles contra os fantasmas, e é possível sentir que a história flui através dos episódios. Principalmente a partir do quarto capítulo, quando os segredos aos poucos começam a se revelar.

Isso, somado às excelentes interpretações de todo o elenco, faz com que acompanhar os personagens seja prazeroso. Mesmo que a estética de drama vitoriano crie momentos de melodrama quase incompreensíveis. Há uma cena em que Dani descreve para a jardineira Jamie (Amelia Eve) algo que a incomoda. E a ouvinte reage como se tivesse ouvido a coisa mais triste da vida dela.

Qualidades se mantêm

Mansão Bly perde em terror e em narrativa quando comparado com Residência Hill. Mas mantém a qualidade técnica e de texto do anterior. Não é uma minissérie chata e, quando o espetáculo começa, é difícil parar de assistir. Faltou um pouco mais de coerência com os temas principais, mas fica longe de arruinar uma boa maratona de 494 minutos.

A Maldição da Mansão Bly

Prós

  • Personagens simpáticos
  • Texto bem escrito
  • Qualidade alta de produção

Contras

  • Demora para virar história de terror ou de romance
  • Episódio final chatíssimo

2 comentários em “A Maldição da Mansão Bly (2020)

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