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La Vingança (2016)

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“Até quando vai a adolescência dos homens?”, pergunta Lupe (Prandi). Esse questionamento sintetiza bem a trama em que está inserido. Quando dois melhores amigos pegam a estrada em um Opala amarelo rumo a Buenos Aires, com o objetivo de “pegar” mulheres argentinas, é difícil não pensar em maturidade. O motivo é que um deles foi traído pela namorada de longa data, mas, ainda assim, será que justifica e acrescenta algo?

La Vingança é um filme com direção de Fernando Fraiha. Já o texto foi feito colaborativamente entre Pedro Aguilera, Thiago Dottori, Jiddu Pinheiro, Josefina Trotta e o próprio diretor. O longa-metragem é estrelado pelos brasileiros Felipe Rocha, Daniel Furlan e Leandra Leal e os argentinos Adrián Navarro, Ana Pauls e Aylin Prandi.

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Interação entre Ana Pauls, Felipe Rocha e Daniel Furlan é responsável por momentos divertidos.

O título do filme já é uma brincadeira com o enredo e a produção, feita colaborativamente entre Brasil e Argentina. A narrativa trata justamente sobre a lendária rivalidade que foi construída entre os dois países. E, nesse viés, o que poderia parecer extremamente bobo e exagerado dá certo em La Vingança.

Tanto os atores argentinos quanto os brasileiros estão muito bons no longa-metragem. Felipe Rocha convence bem como o sofrido e sem rumo Caco, ao passar a maior parte do filme com expressões de tristeza e decepção. Vadão, personagem de Daniel Furlan, é o típico amigo retardado que o público muitas vezes fica irritado, mas não consegue desgostar de verdade e acaba por criar certo carinho e rir das piadas dele. Ana Pauls marca presença e diverte, e Aylin Prandi chama a atenção – apesar de aparecer pouco – como a pessoa mais coerente da trama. Facundo (Navarro) dá raiva sempre que aparece,  o que prova que fez um bom trabalho.

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Vadão e Caco: pessoas quase opostas, mas com uma bela amizade.

Apesar de se tratar de um tipo de personagem recorrente nas produções, Vadão é realmente divertido e tem falas fantásticas. Ele é o principal responsável pelos comentários que reafirmam a rivalidade brasileira e argentina, como referências futebolísticas, que ocasionam risadas no público. O personagem é o grande adulto-adolescente de La Vingança, que se recusa a ter envolvimentos mais profundos e pensa que uma vida de pegação é uma das únicas coisas importantes na vida. Fica claro que Daniel Furlan improvisou em alguns momentos, o que acrescentou positivamente ao filme.

É interessante perceber o quanto Vadão e Caco são diferentes e, ainda assim, se entendem e se fazem bem. É fácil se pegar “tomando o lado” de um deles e ficando com raiva do outro. No entanto, o carinho entre os melhores amigos é nítido e encanta.

La Vingança é uma coprodução boa e bem feita. Não só faz rir (na maior parte do tempo), como também pode levar lágrimas aos olhos e estimular reflexões. A fotografia impressiona e é um dos pontos de destaque. O filme é um road movie divertido que merece, sim, ser assistido.

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