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Goosebumps – Monstros e Arrepios (Goosebumps – 2015)

Dylan Minnette; Jack Black; Odeya Rush; Ryan Lee

Zach (Dylan Minnette) é um adolescente forçado a mudar para uma cidade de interior porque a mãe mudou de emprego. Na nova casa vizinha, ele encontra Hannah (Odeya Rush), uma garota com quem desenvolve rapidamente amizade e carinho, mas o pai dela é um senhor estranho que parece cometer algum tipo de abuso. Zach convoca o colega Champ (Ryan Lee) para salvá-la e juntos eles descobrem que o pai misterioso é o desaparecido escritor dos livros Goosebumps, R. L. Stine (Jack Black). Eles abrem os rascunhos da obra e todos os monstros da franquia de terror escapam para o mundo real.

Um filme metalinguístico baseado na obra Goosebumps. A ideia serve como iniciativa comercial óbvia. Se a turma da Mônica é quase leitura obrigatória para crianças no Brasil, Goosebumps é responsável pela introdução à literatura de diversos americanos. Uma adaptação cinematográfica voltada para crianças ressucita a popularidade dos livros e permite a criação de novos produtos. Sem contar que o ritmo de aventura pulp infantojuvenil abre espaço para diversas continuações. Goosebumps tem o objetivo de ser como Gremlins. Terror para crianças com características de aventura.

O roteirista veterano em histórias infantis, Darren Lemke, tenta o equilíbrio que o gênero requer. Cenas de suspense e perseguição em ambientes fechados temperadas com piadas pontuais. Logo no início, os garotos precisam caçar o Abominável Homem das Neves em um ringue de hóquei. Lemke usa o personagem Champ para inserir humor em determinados momentos. Assim, a cena não fica assustadora demais para crianças e mais divertida. O problema é que Lemke não dá personalidade para Champ e fica claro que o personagem é apenas um alívio cômico. Não seria tão sério se ele fosse engraçado, mas as risadas são raras na plateia de Goosebumps. O ritmo das piadas são ruins e elas são mal inseridas nos contextos em que são ditas.

Props; SetsO boneco Slappy separa os livros pra libertar mais monstros.

Rob Letterman, o diretor, tem a carreira baseada quase inteiramente em animações de baixa qualidade. O Espanta Tubarões e Monstros vs. Alienígenas são as duas piores produções da Dreamworks Animation. De live action, ele só havia feito o fraquíssimo As Viagens de Gulliver, também com o Jack Black. Isso explica o pouco controle que ele possui nas cenas de Goosebumps. Letterman se esforça para ser criativo no suspense, mas a montagem estraga tudo. Quando os personagens encontram o lobisomem num mercado, ele utiliza as fileiras de produtos como artimanha para esconderijos de forma semelhante à famosa cena das crianças com os velociraptors na cozinha em Jurassic Park.

O problema é que a Letterman não possui metade do talento de Spielberg em conduzir o espectador entre as diversas situações dentro do perigo. Eles se escondem entre os produtos, corta para eles no final de um corredor para espionar o lobisomem. Nunca fica claro como nenhum dos elementos chegou nos locais onde se encontram, por mais que o novo momento da sequência seja interessante. Perde o espectador. Letterman também não sabe trabalhar ambientação e faz com que o filme seja corrido demais. Com cenas que não permite assimilar o que acontece na história. Filmes lentos podem ser mais difíceis, mas rápidos demais podem perder a atenção de quem assiste e se tornar ainda mais chatos.

901718 - GoosebumpsO louva-a-deus gigante. Cenas de ação rápidas.

Jack Black passa vergonha com caras e caretas em um personagem que deveria ser mais sério. Fazer careta de bravo não é o mesmo que estar irritado. Talvez seja uma das interpretações mais canastras do comediante. O garoto Dylan Minnette é ótimo e tenta se entregar à ingenuidade necessária para o estilo de filme. Mas é estranho um adolescente próximo à vida adulta agir como uma criança de dez anos. A garota Odeya Rush também é ótima, mas o texto atrapalha. Ryan Lee soa tão forçado quanto as piadas do personagem. Talvez ele seja bom, mas usar um comediante para piadas ruins não ajuda. E usar uma atriz como a Amy Ryan para o papel de mãe do herói adolescente chega a ser ultrajante.

Ao término, Goosebumps deve funcionar para crianças. As diversas homenagens ao material original devem garantir diversão para os fãs dos livros. Se você for um adulto que nunca gostou da franquia, não vai encontrar muita coisa para divertir.

 

ALLONS-YYYYYYYY…

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