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Godzilla vs. Kong (2021)

Godzilla vs. Kong chegou para finalizar a fase atual do Godzilla nos cinemas. De tantos em tantos anos, o lagartão ganha uma nova era de filmes. Foi com isso em mente que o produtor Thomas Tull conseguiu os direitos do monstro icônico para fazer uma quadrilogia de filmes americanos com efeitos computadorizados mais realistas. Mas a nova produção se revela mais que apenas um capítulo final.

Como Godzilla conquistou a condição de alfa entre os titãs na Terra, um espaço de contenção foi construído na Ilha da Caveira para proteger Kong de um conflito contra o novo rei. Porém, o réptil começa a atacar humanos e a única solução encontrada é usar o gorila gigante para salvar o dia.

Depois de três filmes de base para a narrativa dos titãs, o interesse do diretor Adam Wingard com os roteiristas Eric Pearson e Max Borenstein para Godzilla vs. Kong é triplo. Como o título (e toda a campanha de divulgação) indica, é sobre essa briga. Também é uma despedida climática para o lagartão dentro desta saga, assim como determina um “final feliz” para Kong. Uma vez que o Godzilla já tinha ganhado um com Godzilla II: Rei dos Monstros.

Humanos coadjuvantes

Assim como em todos os filmes anteriores da série, a história dos monstrões é contada pelo ponto de vista de um núcleo de protagonistas humanos. A sacada em Godzilla vs. Kong é dar um grupo para cada titã. Assim, a Madison (Millie Bobby Brown) retorna para acompanhar o lagarto. Enquanto o gorilão recebe um grupo novo liderado por Ilene Andrews (Rebbeca Hall).

O espectador ganha uma explicação para cada desdobrar da trama, porque os personagens explicam entre si o que compreendem. Ao mesmo tempo, os realizadores não consideram que o público é burro. Não é preciso que algum personagem explique quando Kong se senta em um trono. A iconografia das imagens falam por si mesmas.

Por outro lado, a dupla de roteiristas abandona o pai de Madison, Mark (Kyle Chandler) para fazer com que a garota acompanhe dois personagens novos, Bernie (Brian Tyree Henry) e Josh (Julian Dennison). Além de fornecerem explicações do enredo, a dupla também é usada como alívio cômico. Têm picuinhas entre si e fazem várias piadas sobre teorias da conspiração e geeks tresloucados.

Pra que lógica se temos porradaria?

Quando é mais sutil, como nas cenas em que duas personagens escondem segredos por linguagem de sinais, o humor funciona muito melhor. Na maior parte do tempo, porém, a comédia reflete o que talvez seja o maior defeito de Godzilla vs. Kong: despreocupação com pequenos detalhes de lógica do filme e dele com o resto da franquia.

É incômodo, por exemplo, ver Mark desconsiderar a teoria de Madison de que a empresa Apex, alvo dos ataques do Godzilla, fez alguma coisa para atiçar a violência do titã. O mesmo personagem que previa e conseguia interpretar cada ação do monstro. Ainda mais quando isso acontece apenas para que Bernie e Josh sejam apresentados como alívio cômico.

Porém, Adam Wingard compensa esses defeitos pontuais com o grande trunfo de Godzilla vs. Kong, a diversão que os dois colossos proporcionam. O diretor mistura o estilo próprio com referências ao que foi feito pelos anteriores da série. Coloca a câmera em pontos de vista de humanos como em Godzilla, brinca com paletas frias e quentes como em Godzilla II e cria quadros tropicais como em Kong: Ilha da Caveira.

Estética própria

Aos poucos, ele vai deixando esses visuais de lado para assumir o próprio estilo. Então, quando Godzilla vs. Kong chega ao clímax, muitas características de animações japonesas dão as caras. Wingard é fã do estilo e faz com que os dois monstrões sejam mais rápidos do que jamais foram. Então, os acompanha com a câmera para enquadramentos que ressaltam os poderes de cada, e a relação dos dois em cena.

É impossível não pensar em mangás ou animes quando, em certa cena, Godzilla está de costas para Kong. A câmera destaca o rosto dele em primeiro plano para abrir o foco e revelar a reação do primata atrás. O resultado é o filme mais dinâmico da “quadrilogia”, mas também o que menos se importa em manter as regras do universo retratado.

Vale destacar os efeitos especiais extraordinários, que devem ter ganhado muita qualidade com o tempo extra para renderização. Godzilla vs. Kong foi adiado por mais de um ano devido à pandemia. O ótimo compositor Tom Holkenborg mantém o estilo de grandes marchas com percussão pesada. Serve bem para a grandiosidade do que ocorre em tela. Por outro lado, a composição dele é ofuscada pelos filmes anteriores, com músicas mais inspiradas.

Em resumo

Godzilla vs. Kong sabe que é um clímax e funciona como tal. Os dois monstrões já tiveram filmes que respeitam as mitologias originais e que contam histórias respeitosas. Agora é a vez de porradaria, destruição e diversão. Para os fãs antigos perde um pouco a graça, mas ver o Godzilla dar o rugido icônico enquanto destrói tudo, ou o Kong bater no peitoral para intimidar ainda faz com que valha a pena.

Godzilla vs. Kong (2021)

Prós

  • Efeitos especiais e estética de qualidade
  • Espetáculo divertido

Contras

  • Abandono das lógicas das franquias
  • Personagens cômicos forçados
Trailer do filme

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