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Getúlio

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Estreia nesse dia primeiro de maio, dia do trabalhador, o drama histórico Getúlio, com direção de João Jardim. O filme mostra os últimos dias e a crise do governo de Getúlio Vargas, o Presidente da República “pai” dos direitos trabalhistas no Brasil.

O filme se inicia com a crise de seu governo, já sob regime democrático, e segue até o seu suicídio, em 1954. Apesar de seguir, de certa forma, os roteiros de novelas brasileiras, o filme, que tem uma pegada trágica, chega com um jogo de câmeras bastante hollywoodianos. Por isso, já no começo do filme, percebemos um dinamismo diferente de outras películas brasileiras. Na sequência inicial do filme, somos agraciados com uma filmagem em preto e branco, coisa difícil de ser ver por aqui.
Entretanto, mesmo sabendo a história, o roteiro busca humanizar e, de certa forma, vitimizar Getúlio Vargas. Interpretado pelo grande mestre Tony Ramos, Vargas é mostrado como um sujeito influenciável, mas também como um senhor já cansado de sua condição de poder. Mesmo assim, é mostrado como determinado à continuar no cargo. É claro que nada disso seria possível se a produção não contasse com a grande atuação de Ramos.

getulio_2-650x400Tony Ramos carrega o filme nas costas.

O ator, que através de imagens e vídeos, estudou os trejeitos do Presidente, conseguiu encorporar e humanizar a imagem de Vargas. Muito bem caracterizado, Tony abandonou sua imagem de galã da Rede Globo para poder encarnar esse personagem histórico. Além disso, uma parte importante do filme, é a relação de Getúlio com a filha, Alzira Vargas, interpretada por Drica Moraes. Também veterana, a atriz consegue dar vida à mulher forte que era a filha do presidente. Ela era a resposável por aconselhar o pai em suas decisões.
O que realmente decepciona, porém, é a vitimização da imagem de Getúlio Vargas. Carlos Lacerda, que sofreu um atentado, supostamente à mando de Vargas, é mostrado como um jornalista interesseiro e rancoroso. Mesmo que assim fosse, o filme parece esconder, de certa forma, o governo anterior de Getúlio; ditatorial.

an6qx95r62ml4tqibvsfx4z8zCarlos Lacerda. Vilanesco, rancoroso e interesseiro.

Mesmo assim, o filme nos brinda com cenas maravilhosas, bem produzidas e diferentes do que estamos acostumados a ver em filmes nacionais. A cena do suicídio é especialmente teatral e bonita. Talvez seja uma nova esperança para nosso cinema brasileiro.

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