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Oitava temporada de Doctor Who

Passou-se quase um ano desde que o Matt Smith se afastou deixando um monte de gente traumatizada. Os apaixonados pelo Doctor Who recente sentiram o baque imediato com a substituição justamente por um cara tão mais velho como o Peter Capaldi. Principalmente porque não se trata de um Doutor tão feliz e empolgante quanto os dois intérpretes anteriores.

Depois da péssima sétima temporada e da troca de um dos atores mais populares da série, a oitava tinha tudo para ficar perdida. Porém, eis a surpresa, a oitava temporada foi ótima. Não fechou todas as pontas que são importantes para o ciclo do 12º Doutor, mas o Capaldi não foi embora ainda e ele finalmente convenceu que é o bom e velho alienígena que todos aprendemos a amar.
Em termos de episódios, a temporada começou fraca. O primeiro era fraco, mas tinha um grande final. O segundo era péssimo do começo ao fim. Mas a partir do terceiro as coisas começaram a se acertar. A união com o Robin Hood revelou o lado bobo do Doutor de Capaldi. No quarto, vemos um lado infantil do mesmo com a revelação de um medo pueril, que toma controle de todos em algum ponto em um dos melhores episódios da série. Os sexto, sétimo, oitavo e nono prepararam para o final e indicaram porque a 12ª encarnação do Timelord é tão sombria.
A temporada tratou de quem é o Doutor, qual a importância das companions para ele e também foi sobre um homem chamado Danny Pink. Ex-militar e professor de matemática, Danny é a antítese do que o Doutor acredita ser a forma correta de lidar com os problemas. Não foi uma escolha aleatória para ser o interesse romântico da Clara. A partir do momento em que os dois se apaixonam, o Doutor passa a disputar as atenções da amiga com o amor de um homem que já matou dentro da hierarquia do exército, que também é capaz de ver todas as hipocrisias dele e que, apesar de tudo isso, também é uma boa pessoa.

21Clara com Danny. Contraponto ao que o Doutor representa.

Danny é importantíssimo. Principalmente pelo fato de ele ser um cara legal. Em certo ponto da temporada a Clara precisa assumir o lugar do Doutor, que está preso na Tardis. No final da aventura ela cobra que o Doutor reconheça que ela foi uma boa doutora. A resposta dele é muito significativa. “Você foi uma excelente doutora. Não há bondade alguma envolvida com isso.”. Ser o Doutor significa salvar mundos frequentemente, mas não significa salvar todo mundo. Às vezes não significa nem salvar aqueles que merecem. Essa é a explicação para o Doutor de Capaldi ser tão negativo. Não há alegria em ser o herói quando ser o herói significa ter que carregar culpa por mortes de boas pessoas. Nenhuma brincadeira vai dar conta desse peso. E Danny é o oposto disso.
Danny matou em nome de outras pessoas e, assim como o Doutor, tem que viver com a culpa por isso. Mas ao contrário dele, ele pôde parar para descansar e tentar viver em paz. Ainda mais, pôde encontrar alguém para amar e ser feliz. É por conta disso também que o final da temporada se dá com um tom tão forte de tragédia. Para todos. Essa mesma tragédia também lembra o Doutor porque ele deve sempre ser tão frio e sacrificar seus sentimentos para continuar salvando o universo.

s8-doctor-whoDoutor, Missy e os Cybermen. Ataque através das relações pessoais. Grande vilã.

Foi uma das temporadas mais tristes e deprimentes de Doctor Who. Mas isso não quer dizer, de forma alguma, que foi uma temporada ruim. Inclusive, não consigo tirar da cabeça a análise do jornalista Heitor de Paula sobre o episódio Kill the Moon. De acordo com ele, o episódio é uma analogia sobre aborto. Muito interessante.

THIS IS THE LAST TIME I’LL EVER SAY IT!

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