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Ender’s Game – O Jogo do Exterminador

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Quase trinta anos após o lançamento do livro, O Jogo do Exterminador ganha sua adaptação para os cinemas depois de uma estrada turbulenta e repleta de polêmicas. Foi preciso um diretor que saiu de um fracasso retumbante para finalizar o roteiro e entregar um filme.

Na trama futurista, a Terra foi invadida por uma raça alienígena e o sacrifício de um comandante a salvou do desastre. Cinquenta anos depois, todos os esforços bélicos do planeta se focam em treinar crianças que possuem potencial para se tornarem o melhor comandante estratégico possível.

Apesar dos rumores e das polêmicas recentes, O Jogo do Exterminador não retém nenhuma das ideias de segregação de seu autor. O filme, na verdade, discute educação, belicismo, impulsos violentos e muita ética. Nada sobre homossexualidade e conservadorismo.

Os seres invasores se assemelham bastante com insetos. Seus comportamentos sociais em específico são iguais aos de formigas. Quando invadiram, estavam procurando uma nova colônia para se multiplicarem. Depois do primeiro ataque, a humanidade conseguiu tomar um de seus postos avançados e mantém o planeta natal deles em estado de sítio.

Ao mesmo tempo, buscam pelo comandante que será capaz de lidar estrategicamente com a logística aleatória dos alienígenas. Como jovens possuem maior elasticidade cerebral para lidar com este tipo de raciocínio, espera-se que venha deles o possível novo salvador da humanidade.

A história segue Ender, um garoto que se esforça para ser esse possível comandante. Em sua vida inteira foi treinado minuciosamente para ser um líder, um guerreiro e um estrategista.

Quando querem descobrir se ele possui o equilíbrio entre selvageria e passividade, o fazem crer que foi expulso do programa. Ele contém sua raiva, mas a utiliza para derrotar concorrentes. Quando querem que ele se torne um líder, o fazem ser odiado por seus colegas. Assim eles o seguem por suas habilidades e talentos, não por amizade ou afinidade.

Depois de toda essa exploração de seu potencial, Ender passa a viver através disso. Quando é atacado por bullies, usa de pequenas estratégias. Seja passando um pouco de sabão no ombro ou derrubando uma garrafa com líquidos no chão. Mais a frente na luta, esses recursos se mostram úteis.

Tanta compreensão de estratégia fazem com que ele seja capaz de ver os movimentos até mesmo de seus treinadores. Ele entende porque é colocado como o mais fraco de uma equipe, entende porque certo jogo fica disponível para ele e entende até porque sua comunicação com a irmã é cortada.

Tudo vira um jogo no qual Ender precisa calcular constantemente o que deve ou não sacrificar para conseguir suas vitórias. À princípio é um jogo contra quem o maltrata, avança para um jogo contra seus concorrentes e colegas e eventualmente se torna um jogo contra seus superiores.

Daí surgem mil e um questionamentos importantes. O que é feito com Ender e outros de sua idade é feito para que a Terra possa ser salva de um ataque futuro. Mas será que é um sacrifício válido? O que vai ser de Ender se ele conseguir derrotar os inimigos após todo esse ciclo?

Ford. Jogos de poder contra seu melhor combatente.
Ford. Jogos de poder contra seu melhor combatente.

Essas questões são representadas através dos personagens do Harrison Ford e da Viola Davis. Ela preocupada com as consequências e ele disposto a sacrificar tudo. Ambos excelentes.

Outros pontos surgem. Principalmente em críticas às políticas de guerra revanchistas dos Estados Unidos. A reviravolta no final do filme é de deixar qualquer um se sentindo mal tanto pelo protagonista quanto pelo próprio mundo em que vivemos.

Gavin Hood mostra suas caras novamente. Como diretor, mostra que não sabe o que fazer mais uma vez. As cenas são aceleradas e mal construídas. Todos os momentos, mesmo os de suspense não parecem muito reais. Ninguém parece estar em perigo ou em tensão. Tudo por conta dessa acelerada no ritmo.

Por outro lado, a direção de arte e os efeitos especiais constroem um universo maravilhosamente rico e crível. Também é mérito de Hood, porque ele sabe quando mostrar os locais ao redor dos personagens e quando focar nos seus dramas pessoais. Apesar de não saber construir as cenas, ele ambienta muito bem.

É um avanço e tanto para o diretor do infame Wolverine: Origens. Este filme certamente não é um desastre como aquele. Na verdade, Hood demonstra ser um ótimo roteirista. Nenhuma cena é gratuita e todas acrescentam para a história. Cada personagem que mexe com Ender acaba se tornando relevante até o final. Os que serão esquecidos sequer são apresentados.

O elenco infantil acompanha os adultos. Asa Butterfield, conhecido como Hugo Cabret, equilibra muito bem as angústias de Ender. A Abigail Breslin é um posso de carinho e amor como a irmã que lhe dá apoio (por sinal, é assustador vê-la crescida). A Hailee Steinfeld é que fica apagada como uma colega de equipe. Principalmente considerando sua poderosa interpretação anterior em Bravura Indômita.

Abigail Breslin. Ruiva e crescida.
Abigail Breslin. Irmã ruiva e crescida.

Mas não importa muito os esforços dos atores quando o diretor não os deixa tempo suficiente na tela para mostrarem seus talentos. Hood faz cortes rápidos que atrapalham as interpretações. Momentos bonitos são jogados fora para que um take passe rápido.

Não fossem o excelente texto e os ótimos atores, Hood teria criado outro fiasco. Felizmente, O Jogo do Exterminador se sustenta como uma ótima ficção-científica. Tomara que ganhe continuações e que mantenham a qualidade.

 

GERÔNIMOOOOOO…

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