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Do Contra quebra paradigmas na Turma da Mônica

Turma da Mônica Jovem é um conteúdo de pouca popularidade entre o público mais velho. Assim como retomar muitos conceitos da infância. Mas preciso sempre falar a favor da revista e o que ela se tornou. Principalmente os eventos recentes relacionados ao personagem Do Contra.

Para quem não sabe, Do Contra é apenas o apelido dele. O nome verdadeiro do personagem é Maurício Hiromashi Fagundes Takeda Filho, o mesmo do filho do Maurício de Sousa que serviu de inspiração para o Do Contra. Ele surgiu no universo da Turma da Mônica em 1994, junto com o irmão Nimbus. O apelido vem da abordagem dele de querer ver sempre as coisas com um ângulo diferente. Justamente por isso, ele era o único menino que gostava da Mônica e não queria fazer maldades com ela.

Com a invenção da Turma da Mônica Jovem, ele apareceu como um baterista (explicado porque poucas pessoas querem fazer parte de posição sem glamour de bandas) figurante e com pouca importância. Enquanto isso, as histórias principais abordavam a Mônica e o Cebola envolvidos romanticamente. Lá pelas tantas, foi sugerido que o Do Contra tinha uma queda por ela. O que não era esperado é que ele se tornaria o personagem mais interessante da publicação.

tmj
No começo, Do Contra era só uma provocação para o Cebola.

O motivo é bem simples. Por ser o cara diferente com um tipo de sabedoria esquisita, ele trata a Mônica de forma oposta à do Cebola. Como o relacionamento do menino que troca as letras com a dentucinha era adiado constantemente para criar suspense, ficou evidente que os dois não funcionam tão bem. Principalmente quando um roteirista colocou como motivo para eles não namorarem o fato de que o Cebola não consegue se sentir confortável com a Mônica como uma pessoa mais forte que ele. O Do Contra, por sua vez, a admira por quem ela é. Não quer ser mais forte do que ela. Ele quer estar do lado dela quando ela se sobressair.

O Cebola precisa ser mais forte que a mulher ao lado dele; ela precisa ser um degrau para o homem grandioso que ele deve se tornar. Ele é um machista. Se ele ficou assim por acidente ou por conta de um ou outro roteirista desinformado, não se sabe. O interessante é que o Do Contra se tornou, meio que por acidente, esse personagem maravilhosamente feminista e bem escrito. Mais interessante ainda, ele e a Mônica começaram a namorar e os fãs receberam a brincadeira de forma positiva.

Em uma edição, já como namorados, Mônica precisa enfrentar um perigo fantasioso. No momento de desespero, ela recorre a ele como fazia com o Cebola e pede que o Do Contra crie um plano brilhante como o outro. Do Contra apenas diz que confia nela porque sabe que ela é capaz de resolver tudo sozinha. Ele ajuda no que pode, mas sabe quando não tem chance com um problema e ela, forte, resolvida e capaz, é a solução. Quando acontecia o mesmo com o Cebola, ele praticamente salvava o dia com seus planos e a Mônica era rebaixada a um peão dele.

TMJ 69 Capa
Finalmente juntos. Na edição 69, Mônica se decidiu pelo cara que a respeitava.

Isso me empolga muito porque me considero um feminista. Mas além disso, como estudante de narrativas, é um prazer ver a quebra de um clichê de histórias seriadas. O casal ideal nunca será dividido porque o amor deles é um grande sonho. É como a Rachel e o Ross em Friends ou o Leonard e a Penny em The Big Bang Theory. O problema dessa ferramenta narrativa é que, depois de tantos conflitos entre essas duas pessoas que supostamente são feitas uma para a outra, a interação entre os dois não convence mais. Todas as séries forçam um finalzinho feliz com estes casais. E a Maurício de Sousa Produções começava a fazer o mesmo com o Cebola e a Mônica. Até que se percebeu que ela e o Do Contra funcionavam melhor.

“Desde pequena, eu me sentia ‘prometida’ pro Cebola… Todo mundo falava que a gente combinava, que a gente tinha sido feito um para o outro” ela disse em uma história recente, “Chega de viver acorrentada às fantasias que tinha na infância. Pela primeira vez na vida, me sinto dona do meu destino. O futuro é incerto e eu curto isso.” E simples assim, ela (junto com os roteiristas) quebrou dois paradigmas. O machismo que consumia as histórias e a ideia boba de que alguém precisa engolir coisas ruins de outra pessoa porque o amor é absoluto.

Infelizmente o gibi passa por uma fase na qual o relacionamento dos dois está em crise. Se é o primeiro passo para que a revista volte para o rumo anterior, não se sabe. Mesmo que as coisas mudem, ficou uma lição muito boa, o mundo precisa de mais Do Contras.

20 comentários em “Do Contra quebra paradigmas na Turma da Mônica

  1. Cebola não era assim nos primeiros números da revista. Ao invés de apoiar Do Contra, os leitores deveriam reclamar com a empresa para Cebola voltar a ser como era. Todas essas histórias são um desrespeito aos fãs da turminha dos últimos 50 anos.

    Ah, e eu odiei a edição 79 e o citado quadrinho.

    1. Desde os primeiros gibis da Turma da Mônica Jovem ele já demonstrava que não ficaria com a Mônica. Afinal teve um Gibi onde ele namorou todas as meninas do Bairro do Limoeiro

  2. Seu post está mto bem escrito. Parabéns!!!! Concordo com vc. Acho que transformaram o Do Contra em um partido melhor para a Mônica, do que o Cebola na turma jovem.
    Nas revistas da turma da Mônica, adoro o Cebolinha com a Mônica, mas nas revistas da turma jovem por vezes mostrou o Cebola como se fosse mal, algumas vezes até egoísta e nas histórias sobre o futuro, ele até faz umas coisas sem noção.
    Só me chateei com o personagem Do Contra nos mangás do circo macabro, mas no geral, para a Mônica, prefiro ele.

    1. Embora nas primeiras revistas, o Cebola fosse mto fofo com a Mônica, realmente não entendo pq adiaram tanto o namoro dos dois e fizeram essa modificação no personagem.

    2. concordo, acho o relacionamento deles mto melhor do que com o cebola de hj!! se fosse com o “primeiro”cebola da tmj, aí era diferente, mas eles modificaram mto o cebola e “estragaram” o mesmo. o meu único problema é que eu tenho uma quedinha (quedinha é pouco, eu tenho um abismo) pelo DC…
      sim, ficou mto bem escrito mesmo!!!!!!!

  3. Faz sentido a Mônica não querer mais o Cebolinha, afinal ele ficou com quase todas as meninas do Gibi da Turma da Mônica Jovem. Mas essa que está do lado do Cebolinha, na capa é a “Calminha Flu Flu”?

  4. Primeiramente adorei o post (está muito bem escrito) .Apesar de desde sempre termos a certeza de que o cebolinha e a Mônica são um casal destinados a ficarem juntos , me surpreendi lendo o mangá e percebendo que isso era um tanto quanto pré definido demais , apesar de achar que “estragaram” demais o cebolinha sem necessidade,colocando ele as vezes até como um personagem ruim ,a insegurança dele pelo fato de ela ser mais forte que ele vem desde a infância é algo que sempre ficou claro , na Tmj isso se tornou tóxico para os dois como casal o que me faz preferir e desejar imensamente que a Mônica fique com o do contra pelos motivos que esse post deixou claro, essa edição do circo que vc mencionou me decepcionou muito não só com as atitudes do do contra mas porque não condizem com o próprio do contra(qual o sentindo de do nada em uma edição o do contra se torna egoísta e trata a Mônica de maneira totalmente mesquinha e fútil , sério? O do contra que sempre foi defensor de se agir pelos seus ideais e não pelas modinhas e etc .) o que na minha opinião não passa de um estratagema para por fim no relacionamento deles e voltarmos a dar chance ao cebola , o que de fato aconteceu , vamos ao fato de que quando crianças , antes de namorar e durante eles sempre se deram bem e surpreendentemente formaram um casal fofo , com química,saudável e perfeitamente imperfeito , apesar de ter corrido o risco de serem um casal raso e estarem juntos só para a Mônica tentar esquecer o cebola isso não ocorreu ,mostrando a Mônica desenvolvendo um sentimento tão profundo quanto o do DC por ela , enfim mesmo achando que isso não vai ocorrer pra mim a Mônica e o dc sempre vão ser um casal e um dos meus preferidos . Triste por acharem melhor manter um casal porque eles eram prometidos desde crianças do que um casal que se trata bem e é o mais perto de um amor de verdade e real .

  5. Amei sua escrita! Eu adorava o cebola nas primeiras edições mas assim como todos pontuaram, a personagem do Cebola mudou muito! Acredito que, assim como a maioria dos escritores fazem quando faltam ideias de desenvolvimento pessoal, resolveram focar em exagerar as características negativas do Cebola (e inclusive da Mônica também!) o que sobressaiu de forma bem chata na personalidade dele. Não dá muita vontade de acompanhar esse personagem…. mas já o DC, que delicia! Amo muito! Queria poder acompanhar mais histórias dele. Mas o rolo Cebola e Mônica começou a ficar tão chato pra mim, que não tive mais vontade de acompanhar as revistas. Desde 2015 não compro mais, então não tenho ideia do que se passa hoje em dia! Por pura nostalgia e curiosidade vim pesquisar a respeito. Agradeço sua opinião!

  6. Felizmente Cebola amadureceu e ele voltou com a Mônica.

    Ah, interessante como esqueceram que, com sua mania de fazer tudo diferente, DC chegou a colocar Mônica em roubadas, como na história do circo, e que foi o “tóxico” e “vilanesco” Cebola que salvou a vida dos dois, chegando a oferecer a própria vida no lugar da Mônica. E esqueceram também que, numa vez em que Mônica e Cebola namoraram, foi DC que sabotou o namoro deles fazendo intriga (e a cara perversa dele mostrou que fazia isso de propósito).

    Mônica e Cebola sim, DC nunca!

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