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Disque M para Matar

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Deixe nas mãos de Hitchcock para fazer com que um suspense que se passa quase todo em um apartamento ser uma obra clássica. Mais que isso, é preciso um gênio para conseguir criar mais empatia pelo assassino psicopata que pela sua vítima. Coisa raramente feita nos cinemas.

Após perder a carreira de tenista profissional, Tony Wendice descobre que a mulher rica o trai. Com medo de ficar abandonado e na pobreza, faz um plano elaborado para mata-la sem deixar pistas e pegar sua herança.

O filme abre mostrando rapidamente o nosso casal infeliz em um momento bonito. Logo em seguida vemos ela com o amante discutindo se ela deve ou não abandonar o esposo. Imediatamente sentimos simpatia pelo marido traído.

Principalmente quando ele é apresentado ao amante e este finge ser um conhecido inocente da mulher com uma frieza assustadora. A mulher parece uma sonsa, sem muita opinião e sempre dividida entre as palavras dos dois homens em sua vida. Enquanto isso, o marido é um homem extremamente simpático. O jeito como fala e interage é impressionante. É feito de sorrisos e galanteio.

Ray Milland. Simpatia e domínio de cena.
Ray Milland. Simpatia e roubo de cena.

Por conta de tudo isso nos sentimos cúmplices enquanto testemunhamos seus cuidados para matar a esposa com tanta engenhosidade e inteligência. Nenhum detalhe fica de fora, o álibi, o assassino, as pistas. Eu me peguei querendo ver aquele plano dar certo e a esposa morta.

Hitchcock é esperto, nunca deixa com que o casal traidor seja protagonista. Eles são tão bobos e antipáticos que não daria certo. Melhor deixar para que acompanhemos tudo pelos pontos de vista de Tony e do investigador. Os dois são inteligentes e não deixam escapar um detalhe. Dominam as cenas em que aparecem e tomam a nossa atenção.

Além de tudo isso, Hitchcock brinca à vontade com os enquadramentos tentando usar o 3D com o qual filmou Disque M para Matar. Gera movimentos de câmera interessantes em que cria profundidade. Um abajur aparece em primeiro plano aqui, a câmera sobe e vemos os personagens de cima através do quarto.

Adoro como Hitchcock dirige as cenas de julgamento em seus filmes. Usa de truques e humor para demonstrar rapidamente os resultados em tribunais. Aqui ele usa a fotografia para mostrar como a mulher, interpretada pela Grace Kelly, está sendo retratada perante o júri. Um artifício para deixar claro que o filme não mudou de tom e logo mais voltará para o apartamento.

Fotografia e cores indicam o tom do julgamento.
Fotografia e cores indicam o tom do julgamento.

Mais um delicioso filme policial do diretor. Que ganha ainda mais com as maravilhosas interpretações dos atores Ray Milland e John Williams (não é o compositor) como os personagens inteligentes. A Grace Kelly é linda e tudo o mais, mas o papel de loira burra é muito fraco.

 

ALLONS-YYYYYYYY…

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